VANTAGENS NA TRAGÉDIA E PERDA NO EXTREMISMO –
É muito difícil conviver com tragédias. Perdas de vidas, perdas econômicas, depressões, desesperos, fome, sofrimento e dor. A humanidade periodicamente vive com essas situações, algumas até por longos tempos, como nos países de baixo poder econômico ou que convivem com ditaduras agressivas e duradouras. Atualmente estamos passando por essa pandemia do Corona vírus que há dois anos atinge todo o planeta e tudo indica que ficará muito mais tempo em nosso meio. Quando analisamos às repercussões na população, vemos que provoca muitas perdas, porém, muitas mudanças de comportamentos e estratégias de sobrevivências também acontecem. Se não, vejamos. Novas técnicas cirúrgicas surgiram durante e em função de alternativas de sobrevivência nas Grandes Guerras. O emprego da energia nuclear que tanto mal causou, levou a utilizar essa mesma energia para tratamentos de doenças e novas estratégias energéticas para beneficiar a humanidade. A depressão econômica de 1929, ocasionou misérias e perdas materiais e humanas, no entanto, provocou muitas mudanças para todos os que por ela foram afetados. Essas experiências provocam modificações nos hábitos das pessoas, facilitando a sua sobrevivência e promovendo mudanças de comportamento e atitudes. Muitas vezes o sofrimento vem acompanhado de mudanças comportamentais levando a melhorias.
Me lembrei agora de um amigo que trabalhava numa loja e cujo patrão era muito exigente e grosseiro com os seus funcionários. Certo dia, o patrão chegou à loja muito calado e triste. Ele então o abordou, perguntando; – O que está acontecendo com o senhor? Está muito calado hoje. Pois é, meu amigo. Ele nunca havia me chamado assim de amigo. Algo grave deveria ter acontecido. – Fui ao médico e ele me falou que eu estava com um câncer, minha vida veio à baixo, não sei mais o que fazer. – Calma, hoje existe muitos novos tratamentos e o senhor vai ficar bom. – Se Deus quiser, e vamos continuar juntos aqui na loja para tudo melhorar para nós. O tempo passou, ele continua bem e o melhor, ficou bonzinho para todos os seus funcionários, até mandou distribuir presentes aos aniversariantes do mês. A turma ficou comentando que o câncer do patrão foi bom para ele e para todos nós funcionários. Mudou os seus valores.
Ralph Waldo Emerson, filósofo norte-americano do século 19 que definiu a Lei da Compensação, concluiu, que tudo gira em torno do equilíbrio e do desequilíbrio, envolvendo a natureza e o ser humano. A dualidade das coisa, o bem e o mal, a vida e a morte, a virtude e o defeito, guerra e paz, o ódio e o amor, e por aí vai. Saber lidar com as duas situações e conviver com os contrários, é isso que nos dá experiências, estratégias de sobrevivência e a oportunidade de aprender e decidir que caminho escolher para as nossas vidas. Precisamos nos lembrar que aprendemos com as derrotas e na natureza tudo tem um começo e um fim e a sua duração depende de aproveitar as oportunidades em benefícios de um todo.
Hoje estamos passando por um momento de grandes polemizações no Brasil e no mundo, qual será a saída? A saída sempre será o equilíbrio e isso não significa está em cima do muro e sim, estar em alguns momentos mais para um lado ou mais para o outro, procurando o bem de todos. Aproveitar essas alternativas de equilíbrio, aprendendo com os erros, corrigindo o rumo das coisas e desenvolvendo resiliência, essas devem ser as melhores opções para um caminho seguro e duradouro. Aceitando a dualidade dos processos superamos desafios ou uma suposta verdade que nos impede ter uma visão ampla dos problemas, saindo da zona de conforto e da acomodação, onde a resiliência aceita um pouco de cada experiência, evoluindo e atingindo os melhores objetivos. O grande problema é a coragem e a paciência para administrar as divergências, tendo que recuar algumas vezes para poder avançar. Isso leva um pouco mais de tempo e hoje, tempo é algo que nem sempre existe nesse mundo imediatista, acelerado e desumanizado, sem reconhecimentos, agradecimentos e desamor. Mas, como dizia Khalil Gibran “Por pior que seja a tempestade, um dia ela se acaba e volta a calmaria”. É isso meus amigo, não permitamos sermos usados pelos extremistas que só têm um objetivo, tomar o poder para se locupletarem em detrimento de muitos que por acomodação, ignorância ou falsas ilusões serão levados para um ambiente de sofrimento, falta de liberdade e qualidade de vida.
Maciel Matias – Médico mastologista, maciel.omatias@gmail.com
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Uma reflexão oportuna e exemplar para o atual momento em que atravessamos, prezado dr. Maciel.
Como você bem o disse, uma das impressões, talvez a mais saliente e mais insistente de todas é, como diz o poeta, "tudo teimando em ser tão ruim", testando nossa paciência e tolerância, especialmente para mim que tenho mais passado que futuro!
É um exercício, um lapidar d'alma, até o último dia de aula nesta grande sala da vida.
Concordo com você e a história é o registro irrefutável de que, do mar de procelas, das guerras, dos conflitos, das polarizacões, incrivelmente nascem ideias que impelem a humanidade rumo ao futuro, sempre se superando.
Isto acalma o espírito indômito, inquieto e impaciente.
A história da humanidade é admirável!
Ler sua crônica, acalma os sentidos e renova a esperança.
Grande abraço pra você!