VASTOS DIAS LONGOS… –
Vastos dias longos de madrugadas dizimadas pelas horas que se arrastam, numa tortura noturna atenuada pelos brilhos acanhados das luzes do amanhecer.
As sombras que cintilam nas paredes do quarto nu, despidas das pretensões de sonos justos, das sóbrias moções carregadas de estrabismos, distorcem às imagens tecidas nas paredes da memória.
Ah madrugada que não acaba! Ah dia que não chega!
Essa atormentada noite sem-fim irrita como o tic-tac do relógio que não toca mais; por isso, a exaustão das horas estáticas me convence a cerrar os olhos e contemplar as sombras que se formam nos vazios do quarto. Fantasmas que insistem em permanecer vivos nos lumes dos conflitos, nas cumeeiras dos sonhos.
Flávia Arruda – Pedagoga e escritora