Três semanas após tomar o poder no Afeganistão, o Talibã anunciou nesta terça-feira (7) parte de seu futuro governo, que será dirigido por Mohammad Hasan Akhund.

Fundado em 1994 pelo mulá Omar, o movimento islâmico sempre foi envolto em mistério, mesmo durante a primeira vez que controlou o país, entre 1996 a 2001.

Veja abaixo quem são os novos membros do executivo afegão, que o Talibã prometeu ser “inclusivo” e será concluído nas próximas semanas.

Por enquanto, não há nenhum membro do primeiro escalão que não seja do Talibã. Essa era uma das exigências da comunidade internacional:

Mohammad Hasan Akhund, primeiro-ministro

Mohammad Hasan Akhund (à esquerda), então vice-ministro das Relações Exteriores do Afeganistão, cumprimenta seu homólogo paquistanês, Sartaj Aziz, em uma base aérea em Rawalpindi, a cerca de 25 km de Islamabad, em foto de 25 de agosto de 1999  — Foto: Saeed Khan/AFP
Mohammad Hasan Akhund (à esquerda), então vice-ministro das Relações Exteriores do Afeganistão, cumprimenta seu homólogo paquistanês, Sartaj Aziz, em uma base aérea em Rawalpindi, a cerca de 25 km de Islamabad, em foto de 25 de agosto de 1999 — Foto: Saeed Khan/AFP

Natural de Kandahar, o novo primeiro-ministro afegão foi aliado próximo e conselheiro político do fundador do movimento e líder supremo, mulá Omar.

No primeiro governo do Talibã, foi vice-ministro das Relações Exteriores e governador da província de Kandahar, no sul do Afeganistão.

O nome de Akhund está na lista de sancionados do Conselho de Segurança da ONU por envolvimento em “atos e atividades dos talibãs”.

Mulá Baradar, vice-primeiro-ministro

O mulá Abdul Ghani Baradar (ao centro) em foto de março de 2021 em Moscou — Foto: Alexander Zemlianichenko/Reuters
O mulá Abdul Ghani Baradar (ao centro) em foto de março de 2021 em Moscou — Foto: Alexander Zemlianichenko/Reuters

 

Um dos cofundadores do Talibã, Abdul Ghani Baradar será o número dois do novo Executivo, informou Zabihullah Mujahid, principal porta-voz do grupo, durante uma entrevista coletiva em Cabul.

Baradar é uma figura respeitada por várias facções talibãs e foi o responsável por coordenar as negociações de paz com o governo dos Estados Unidos em Doha, que levaram à retirada das forças estrangeiras do Afeganistão.

Abdul Salam Hanafi, vice-primeiro-ministro

Abdul Salam Hanafi chega para negociações de paz em Doha, em agosto de 2021 — Foto: Hussein Sayed/Reuters
Abdul Salam Hanafi chega para negociações de paz em Doha, em agosto de 2021 — Foto: Hussein Sayed/Reuters

Abdul Salam Hanafi, que também está na lista negra do Conselho de Segurança da ONU, foi o vice-ministro da Educação no primeiro governo do Talibã, quando as mulheres eram proibidas de estudar.

O Conselho de Segurança também o acusa de envolvimento com tráfico de drogas. Ele estava proibido de viajar pela ONU, mas a medida foi suspensa para as negociações de paz em Doha.

Após o Talibã ser retirado do poder em 2001, na esteira da invasão americana pós-11 de Setembro, Hanafi assumiu a província de Jawzjan, no norte do Afeganistão.

Sirajuddin Haqqani, ministro do Interior

Sirajuddin Haqqani, líder da rede Haqqani, vai comandar o Ministério do Interior. Ele é filho do famoso Jalaluddin Haqqani, comandante da jihad antissoviética dos anos 1980.

A rede Haqqani, fundada por seu pai, é considerada terrorista pelos EUA. Ela é considerada uma das facções mais perigosas enfrentadas pelas tropas afegãs e da Otan nas duas décadas de ocupação.

O grupo é acusado de ter assassinado altos funcionários afegãos e sequestrado ocidentais que só foram soltos em troca de resgates ou outros prisioneiros. É o caso do soldado americano Bowe Bergdhal, que foi libertado em 2014 em troca de cinco presos afegãos de Guantánamo.

O FBI (a Polícia Federal americana) ainda promete uma recompensa de até US$ 5 milhões por qualquer informação que possa levar à prisão de Sirajuddin Haqqani.

Mulá Yaqub, ministro da Defesa

Entre as outras nomeações anunciadas nesta terça-feira está a do mulá Yaqub, filho do mulá Omar, para o cargo de ministro da Defesa.

Yaqub é o chefe da comissão militar do Talibã, que decidiu a estratégia do grupo extremista na guerra contra o governo afegão.

Os laços com seu pai, considerado o chefe supremo do Talibã, fazem dele uma figura unificadora dentro do grupo, que é amplo e diverso.

Fonte: G1

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