Três semanas após tomar o poder no Afeganistão, o Talibã anunciou nesta terça-feira (7) parte de seu futuro governo, que será dirigido por Mohammad Hasan Akhund.
Fundado em 1994 pelo mulá Omar, o movimento islâmico sempre foi envolto em mistério, mesmo durante a primeira vez que controlou o país, entre 1996 a 2001.
Veja abaixo quem são os novos membros do executivo afegão, que o Talibã prometeu ser “inclusivo” e será concluído nas próximas semanas.
Por enquanto, não há nenhum membro do primeiro escalão que não seja do Talibã. Essa era uma das exigências da comunidade internacional:
Mohammad Hasan Akhund, primeiro-ministro
Natural de Kandahar, o novo primeiro-ministro afegão foi aliado próximo e conselheiro político do fundador do movimento e líder supremo, mulá Omar.
No primeiro governo do Talibã, foi vice-ministro das Relações Exteriores e governador da província de Kandahar, no sul do Afeganistão.
O nome de Akhund está na lista de sancionados do Conselho de Segurança da ONU por envolvimento em “atos e atividades dos talibãs”.
Mulá Baradar, vice-primeiro-ministro
Um dos cofundadores do Talibã, Abdul Ghani Baradar será o número dois do novo Executivo, informou Zabihullah Mujahid, principal porta-voz do grupo, durante uma entrevista coletiva em Cabul.
Baradar é uma figura respeitada por várias facções talibãs e foi o responsável por coordenar as negociações de paz com o governo dos Estados Unidos em Doha, que levaram à retirada das forças estrangeiras do Afeganistão.
Abdul Salam Hanafi, vice-primeiro-ministro
Abdul Salam Hanafi, que também está na lista negra do Conselho de Segurança da ONU, foi o vice-ministro da Educação no primeiro governo do Talibã, quando as mulheres eram proibidas de estudar.
O Conselho de Segurança também o acusa de envolvimento com tráfico de drogas. Ele estava proibido de viajar pela ONU, mas a medida foi suspensa para as negociações de paz em Doha.
Após o Talibã ser retirado do poder em 2001, na esteira da invasão americana pós-11 de Setembro, Hanafi assumiu a província de Jawzjan, no norte do Afeganistão.
Sirajuddin Haqqani, ministro do Interior
Sirajuddin Haqqani, líder da rede Haqqani, vai comandar o Ministério do Interior. Ele é filho do famoso Jalaluddin Haqqani, comandante da jihad antissoviética dos anos 1980.
A rede Haqqani, fundada por seu pai, é considerada terrorista pelos EUA. Ela é considerada uma das facções mais perigosas enfrentadas pelas tropas afegãs e da Otan nas duas décadas de ocupação.
O grupo é acusado de ter assassinado altos funcionários afegãos e sequestrado ocidentais que só foram soltos em troca de resgates ou outros prisioneiros. É o caso do soldado americano Bowe Bergdhal, que foi libertado em 2014 em troca de cinco presos afegãos de Guantánamo.
O FBI (a Polícia Federal americana) ainda promete uma recompensa de até US$ 5 milhões por qualquer informação que possa levar à prisão de Sirajuddin Haqqani.
Mulá Yaqub, ministro da Defesa
Entre as outras nomeações anunciadas nesta terça-feira está a do mulá Yaqub, filho do mulá Omar, para o cargo de ministro da Defesa.
Yaqub é o chefe da comissão militar do Talibã, que decidiu a estratégia do grupo extremista na guerra contra o governo afegão.
Os laços com seu pai, considerado o chefe supremo do Talibã, fazem dele uma figura unificadora dentro do grupo, que é amplo e diverso.
Fonte: G1
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