VELÓRIO AO VIVO –
Um dia destes recebi várias notificações seguidas do WhatsApp. Eram mensagens de mamãe. Fotos e vídeos. Surpreendo-me com o conteúdo das imagens: um velório. Oxente! O que houve?
Uma prima nossa faleceu em Paris e foi assim que todos participaram deste momento de despedida. Confesso que não sou adepta dos velórios ao vivo. Sim, os velórios que agora acontecem com câmeras sobre o caixão, filmando os mais próximos e seu sofrimento, as coroas de flores com frases que você escolhe como se fosse uma oferta do McDonald’s: combo três – coroa de cravos e frase: você fará falta; combo quatro – coroa com margaridas e frase: nunca te esqueceremos; … e assim por diante.
As vezes recebo um link e a mensagem abaixo: acompanhe o velório de Fulano ao vivo.
Gente, se fosse ao vivo não haveria velório!
Ficar assistindo pessoas sofrerem acho extremamente bizarro!
E a TV passando as mensagens de amigos e parentes? Me desconecto do que acontece ao meu redor e fico, inconscientemente, corrigindo erros de português. Perdão por isso! Talvez eu não seja boa pessoa por fazer isso ou por sair sempre de algum velório com uma lista imensa de coisas que não quero que façam no meu. Como se eu pudesse escolher!
Dia desses falei aqui em casa:
– Por favor, não me velem no local x. É horrível para estacionar.
Recebi como resposta:
– Não se preocupe, no seu velório sua vaga estará reservada.
É verdade! Espero apenas que não tenha link para ser repostado. Se é que poderei decidir alguma coisa…
Bárbara Seabra – Cirurgiã-dentista e Escritora