No inicio da semana um deputado capixaba, em discurso no plenário da Câmara, repudiou a possível venda da marca Serenata de Amor pela Nestlé. O negócio seria uma forma de concluir a fusão com a fabricante capixaba de chocolates Garoto, um imbróglio que se arrasta há 14 anos no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O órgão antitruste vetou a união por considerar que, juntas, elas teriam, na época, 54% do mercado nacional de chocolates. A multinacional suíça, que pagou US$ 250 milhões pela concorrente, agora oferece ao órgão a possibilidade de se desfazer da Serenata. O Cade, porém, ainda não tomou uma decisão. A fábrica da Garoto, localizada em Vila Velha, é uma importante força econômica na região, empregando três mil pessoas. A Nestlé, comandada no Brasil pelo guatemalteco Juan Carlos Marroquín, confirma que fez uma oferta ao Cade. Porém, não especificou de quais marcas abriria mão.
Em nota, a empresa suíça afirmou que “considerando que a proposta encontra-se sob avaliação, está impossibilitada de fazer comentários adicionais.” A verdade é que a Nestlé deixou de ganhar muito dinheiro com a demora. Estimava-se que a compra geraria uma redução de 10% nos custos das empresas com a captura de sinergias. Só em 2013, último dado público da Garoto, a economia seria de cerca de R$ 100 milhões. A possível venda das marcas, no entanto, alterou o humor dos funcionários de Vila Velha. Há uma preocupação generalizada dos empregados com o futuro da unidade. A venda da marca Serenata de Amor colocaria em risco o emprego de até 30% dos operários. Para o presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo, Marcos Guerra, a decisão teria um alto impacto na indústria de alimentação capixaba, pois a fábrica da Garoto representa 30% desse mercado no Estado. E por ano, a fábrica da Garoto recebe 400 mil visitantes.