As vendas do comércio varejista cresceram 0,1% em junho, na comparação com o mês anterior – 1ª alta desde março –, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já em relação a junho de 2018, houve queda de 0,3% nas vendas.

O resultado de maio foi revisado pelo IBGE para estável, ante queda de 0,1% na leitura inicial.

Apesar da leve recuperação em junho, o setor fechou o trimestre no vermelho e continua mostrando perda de ritmo na análise do desempenho acumulado em 12 meses, evidenciando a fraqueza da economia e as dificuldades de uma retomada mais firme.

No 2º trimestre, as vendas do comércio registraram queda de 0,3%, na comparação com o primeiro trimestre. Já na comparação com igual trimestre do ano passado, houve uma alta de 0,9%.

No semestre, o volume do comércio varejista cresceu 0,6%, frente a igual período do ano anterior.

A gerente da pesquisa, Isabella Nunes, destacou que o baixo ritmo da atividade econômica no país faz com que o comércio venha perdendo dinamismo. “Este foi o quarto semestre seguido no campo positivo, mas o menos intenso deles”, apontou. No 1º e 2º semestres de 2018, houve avanço de o avanço de 2,9% e de 1,7%, respectivamente.

Vendas recuam em 15 das 27 estados

De maio para junho de 2019, as vendas do comércio varejista caíram em 15 das 27 Unidades da Federação, sendo a mais intensa no Piauí (-10%). Já as maiores altas foram registradas em Roraima (3,4%), Minas Gerais (1,7%) e Goiás (1,6%).

Segundo a gerente da pesquisa, Isabella Nunes, o resultado do varejo reflete a conjuntura de baixo dinamismo econômico, o grande nível de pessoas desempregadas, e o elevado endividamento das famílias – o maior desde abril de 2016, segundo dados do Banco Central.

“As famílias estão fugindo das prestações na aquisição de bens duráveis como móveis e eletrodomésticos, e estão direcionando o consumo para alimentos. Então, a queda em hipermercados não significa que as famílias estejam deixando de comprar, mas estão optando por marcas mais baratas. Na farmácia, não dá para fazer isso”, explica Isabella.

Vendas de livros, jornais, revistas e papelaria desabam 27% no ano

As vendas têm tido comportamentos diferentes entre as atividades do varejo. Enquanto hipermercados apresentam perda de ritmo, com queda de 0,3% no primeiro semestre, outros artigos mostram crescimento de 4,4% nesse período. Eletrodomésticos recuaram 2,7% nos 6 primeiros meses do ano, ao passo que as vendas de móveis cresceram 3,3%.

No acumulado no ano, a queda mais intensa é nas vendas de livros, jornais, revistas e papelaria teve forte recuo (-27%). Em 12 meses, a perda é de 24,6%, acentuando a trajetória descendente iniciada em março de 2018 (-5,1%). Segundo o IBGE, as novas formas de comercialização pela internet e o fechamento de lojas físicas contribuem para essa retração.

“Combustível está perdendo muito volume de vendas por causa de preço. A de livros por ser uma atividade que está alterando sua forma de venda. Já a de supermercado é uma atividade que se tem um grande poder de substituição de produtos, ou seja, o consumidor troca um produto por outro mais barato, o que acaba impactando na receita do comércio”, explicou a pesquisadora.

Economia fraca e perspectivas

Os indicadores já divulgados continuaram a mostrar uma fraqueza da economia em junho e no 2º trimestre, após uma queda de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no 1º trimestre.

A indústria brasileira, por exemplo, registrou queda de 0,6% em junho e fechou o primeiro semestre com um recuo de 1,6% em sua produção. No período entre abril e junho, a indústria recuou 0,7%, na comparação com o primeiro trimestre – o terceiro trimestre seguido de contração.

A projeção do mercado financeiro para estimativa de alta do PIB deste ano permanece em 0,82%, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central. Para 2020, a previsão de crescimento é de 2,1%.

Fonte: G1

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