Juan Guaidó , o líder da oposição na Venezuela, propôs na terça-feira (11) retomar as negociações com o governo de Nicolás Maduro para pedir um cronograma de eleições, incluindo presidenciais, em troca do “levantamento progressivo” de sanções internacionais.
“A Venezuela precisa de um acordo de salvação nacional, um acordo que deve ser alcançado entre as forças democráticas, os atores que constituem e apoiam o regime e a comunidade internacional”, disse Guaidó em vídeo transmitido em suas redes sociais.
De acordo com ele, o compromisso da comunidade internacional para conseguir esta recuperação é “oferecer incentivos ao regime, incluindo o levantamento progressivo das sanções condicionado, é claro, ao cumprimento destes objetivos fundamentais do acordo”.
Guaidó pediu em sua mensagem um “acordo que inclua a convocação de um calendário de eleições livres e justas: presidencial, parlamentar, regional e municipal com observação e apoio internacional”.
Sugeriu também a “entrada maciça de ajuda humanitária e vacinas contra a covid-19”, que atinge o país com uma segunda onda virulenta, e a libertação de todos os presos políticos.
A proposta, apresentada após outras tentativas fracassadas de negociação, é feita logo após o Parlamento, de ampla maioria governista, ter nomeado novas autoridades eleitorais.
“O ‘bobolongo’ (bobo) disse hoje que quer conversar”, reagiu Maduro. “Ele foi deixado de fora, todo isolado e derrotado”, disse o líder da Venezuela.
“Se ele quer se juntar aos diálogos que já estão em andamento, evoluindo em todas as questões, seja bem-vindo. Que se incorpore aos diálogos que já existem, mas que não se crie o patrão, o líder supremo de um país que não o reconhece”, afirmou.
Em agosto de 2019, Maduro encerrou os diálogos com a oposição, que eram mediados pela Noruega, em resposta às sanções econômicas dos Estados Unidos, principal apoio internacional de Guaidó.
Após o fracasso dessa aproximação, o líder chavista, apoiado pelas Forças Armadas e por aliados como Rússia e China, iniciou diálogos com outros setores da oposição.
Na negociação para nomear o novo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), foi acertado dar aos opositores dois dos cinco principais cargos na diretoria presidida pelo ex-ministro de Maduro, Pedro Calzadilla.
É uma CNE “que não reconhecemos”, criticou Guaidó, recusando-se a participar nas eleições regionais e municipais deste ano, que Calzadilla confirmou esta terça-feira em comunicado à imprensa, embora sem indicar uma data.
Calzadilla, acompanhado pelo restante da diretoria do CNE, anunciou uma “auditoria ampla” do registro eleitoral e do sistema automático de votação usado na Venezuela.
Também informou que o órgão acordou “revisar o estado das inabilitações” de dirigentes e partidos políticos, que afetam líderes opositores, como do duas vezes candidato presidencial Henrique Capriles, que endossou a negociação pela CNE e, anteriormente, para a libertação de presos políticos.
“Conspirar com a ditadura, para legitimar-se mutuamente como tirania e oposição leal a essa tirania, não leva à liberdade, mas à submissão e normalização da pior tragédia que já ocorreu em nosso país”, insistiu Guaidó, que liderou um boicote da oposição às eleições presidenciais de 2018 e às parlamentares de 2020.
Para o analista político Luis Vicente León, “é natural que Guaidó tente colocar o debate político de volta em seu campo”.
“Embala, sem dúvida, em um novo pedido de negociação global e relaciona-o com sanções porque é o único instrumento de pressão que a oposição parece ter hoje, embora não a controle diretamente”, acrescentou o especialista.
Fonte: G1
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