Milhares de venezuelanos que moram na zona da fronteira cruzaram a pé neste domingo em direção à Colômbia para comprar, na cidade de Cúcuta, alimentos e remédios que escasseiam no seu país. Depois do fechamento da fronteira ordenado há 11 meses, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, autorizou a abertura de uma passagem de pedestres na manhã deste domingo entre as pontes Simón Bolívar (Venezuela) e Francisco de Paula Santander (Colômbia). Longas filas se formaram diante das alfândegas desde as 5h00 locais (6h00 em Brasília), à espera da abertura da passagem, às 6h00. Muitas pessoas tinham dormido em veículos estacionados nas ruas próximas ao local. As autoridades venezuelanas anunciaram que a passagem ficaria aberta durante 12 horas, embora algumas versões extraoficiais afirmem que esse período será de apenas oito horas.
A passagem de pedestres foi aberta depois que, na última terça-feira (5), cerca de 500 mulheres forçaram o cruzamento da fronteira, rompendo um cordão militar, para comprar em Cúcuta produtos básicos como arroz, açúcar, farinha, papel higiênico e azeite.A escassez atinge em média 80% dos alimentos básicos e remédios na Venezuela, afetada pela queda dos preços do petróleo, mas se agravou na zona limítrofe devido ao fechamento da fronteira decretado por Maduro em agosto de 2015, segundo organizações privadas. Segundo cálculos da associação Fedecámaras, 70% dos comércios do lado venezuelano da fronteira fecharam, provocando a perda de 15.000 empregos. Maduro afirma que a escassez é fruto de uma “guerra econômica” de “empresários de direita”, que acusa de especulação e monopólio de produtos básicos para desestabilizar seu governo, criando mal-estar e desespero na população.
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