VIRALATISMO –
Um amigo bastante viajado, conhecedor desse mundão afora, me chamou a atenção para um detalhe, que, por sinal, já tinha percebido e refletido sobre o assunto quando no remanso na minha cadeira de balanço Gerdau assistindo o noticiário na televisão.
Dizia ele: andei por muitos e muitos países desse mundo globalizado e furado; mundo que será dominado futuramente pelos chineses, com os seus olhos quase fechados, mas vendo muito; cabeças grandes, bem antenados e com os neurônios super ativados e proativos.
Em todos os lugares percorridos, sempre tive a curiosidade de visitar, observar e procurar ler os nomes dos palácios, das casas-sedes dos governos. Em todos os países visitados e observados, em nenhum encontrei o seu nome, sua identificação, sua descrição exibida em mais do que o seu próprio idioma: White House (EE. UU); do Chile, La Moneda; da Alemanha, Bandeshanzlrtamt; da Inglaterra, Downing Street; do Peru; Casa de Gobierno; da Argentina, Casa de Gobierno Argentino (Casa Rosada); nunca vi, nem li uma segunda identificação em língua portuguesa.
A pergunta, a curiosidade do amigo viajante, veio na bucha: Por que no Brasil é diferente? No Palácio do Governo, sede maior da nossa Federação, o Palácio do Planalto está escrito em português e logo abaixo no idioma inglês (Planalto Palace). Por quê?
Pensei, pensei e me veio à mente a lembrança do nosso famoso escritor, dramaturgo, Nelson Rodrigues, na sua cônica “Complexo de vira-latas”, que diz: entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face ao resto do mundo. O brasileiro é um narciso às avessas, que cospe na própria imagem. Eis a verdade: não encontramos pretextos pessoais ou históricos para a autoestima”. O brasileiro precisa se convencer de que não é vira-lata e, sim, um pitbull adestrado e bem adestrado “politicamente”, dono das suas próprias ventas. Chega de subserviência.
Brasil, esquece de vez todas essas abobrinhas reles que bem caracterizam o verdadeiro “viralatismo”. O achado citado pelo amigo viajante, corresponde apenas um grão de areia nessa montanha de pieguismo. Chega de tanto “americanismo”. Se mexe e se levanta, Ariano Suassuna!
Tenho quer terminar que vou passar no MACAMBIRA’S CENTER e depois almoçar no SHOPPING MID WAY MALL.
Berilo de Castro – Médico e Escritor, [email protected]