VIRAMUNDO 100 –
Karina Passarela era uma morena bonita, nascida em Natal morava em Morro Branco, bairro de classe media.
Estudava no Atheneu, de manhã e sempre chegava em casa depois do almoço, o que preocupava dona Maristela, sua mãe.
– Por que você nunca chega cedo, Karina?
– Ah! Mãe, é o ônibus que demora.
Não era isso. Muito namoradeira, desde cedo incomodava os meninos da escola e, invariavelmente, se despedia deles beijando levemente na boca.
Isso deixava eles loucos e assanhados.
Ela vestia um shortinho debaixo da saia e quando saia da escola ficava de shortinho pra realçar as pernas bronzeadas com as coxas de pelos dourados, queimadas do sol.
Ela usava um bronzeador artesanal e os pelos ficavam dourados contrastando com a cor morena das belas coxas.
Nunca andava só. Sua sexualidade despertou muito cedo, por volta dos 14 anos.
– Ontem eu sai com professor Wellihton, de matemática. A gente se amou dentro do fusquinha, na praia de Ponta Negra.
– Foi bom?
– Não. Ficamos no banco de trás, muito apertado.
– Ele comeu você?
– Quase. Ele é muito desajeitado mas eu gostei. A primeira vez é muito ruim.
– Então você continua virgem, né?
– Sim, graças a Deus.
Karina tinha uns namoros exagerados. Era sempre quem tomava a iniciativa de beijar e abraçar.
Às vezes assustava os namorados.
Sim, porque não era um só, mas vários.
Era um batalhão de meninos atrás dela.
Ela escolhia o “namorado da semana”.
Até que um dia, Claudio, estudante de Farmácia, dez anos mais velho, morador da rua atrás da casa dela, ofereceu uma carona e ela aceitou.
No caminho foram conversando e ele não tirava os olhos das belas coxas de Karina sentada no banco da frente.
– Você gosta de praia, Kaká?
– Adoro.
– Topa passar um fim de semana em Pipa, comigo?
– Sozinha, não, mas posso levar Aninha, minha irmã, comigo.
– Então vamos. Vou falar com ela.
Em Pipa ficaram numa pousada perto da praia.
Aninha foi dar um voltinha na cidade e deixou Claudio e Kaká na pousada.
– Trouxe camisinha, Claudio.
– Não.
– E agora? Sou virgem e de menor e não vou transar sem camisinha.
– Não tem problema. A gente só namora, mas, olha quero ser o primeiro, viu?
– Tá certo. Depois a gente vê isso.
Karina completou 18 anos no dia 7 de outubro e comemoraram na suíte 300 do Roma Garden da Praia do meio.
Livres e desimpedidos o amor se fez presente com toda intensidade.
– Tô com fome.. vamos pedir algo pra almoçar.
Escolheram camarão com arroz a grega e vinho rosé.
Pra relaxar foram jogar sinuca numa mesa de bilhar que fica numa das salas da suíte.
Passaram um dia feliz e a noite as amigas prepararam uma festinha na casa dela com bolo de abacaxi, que ela adora.
O namoro com Claudio demorou dois anos.
Terminou porque ela traiu ele com Ricardo, gerente de uma loja de confecções.
Karina era insaciável.
Casou com Fernando, corretor de seguros e teve dois filhos: Pedrinho e Luciano.
Ela até se aquietou um pouco mas sua ânsia de amar era maior do que tudo na vida e continuou traindo o marido.
– Karina você não se sacia com seu marido?
– Não. Se eu conhecer um homem que saiba beijar, vou pra cama com ele.
– Meu Deus. E seu marido?
– Ele só é bonito mas muito ruim de cama.
– Mesmo assim fez dois filhos com você
– Aconteceu. Foi quase por acaso.
Com o tempo ela conheceu um jornalista e se apaixonaram perdidamente.
Ficaram cinco anos namorando.
Ele era casado e pai de três filhos terminou o relacionamento e ficaram amigos.
Karina e Fernando viviam bem. Ele um cara simples e bom profissional, sem vícios.
Bebia um vinhozinho em casa e não fumava mas gostava de ver filmes de guerra onde passava horas enm casa, a noite, enquanto Karina ia se encontrar com “amigos”.
De vez em quando recebia “presentes” em dinheiro.
Através de um desses amigos arranhou emprego numa loja distribuidora de CDs virgens e conheceu muitos artistas e produtores de discos.
Namorou alguns dele.
Numa tarde de março, em casa, Fernando começou a se sentir mal e morre do coração.
Viúva e com os filhos casados, Karina foi morar com a mãe.
Conheceu Rodrigo, representante de Laboratório, divorciado, pai de uma filha de 17 anos, Isabela.
Vivem casados morando num apartamento em Cidade Verde, zona sul de Natal e sem traições.
– Rodrigo beija bem e é bom de cama.
– Então você não trai mais?
– Não. Quando a gente se satisfaz em casa, não procura na rua.
Encontrei Karina lanchando sozinha no Midway e pergunte:
– Em quem você se inspirou pra viver assim, tão intensamente?
– Messalina.
Jaécio Carlos – Produtor e apresentador dos programas Café da Tarde e Tribuna Livre, para Youtube.
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