VIRAMUNDO 111 –
Suzana Duvivier era uma carioca elegante, morena clara, esbelta, cabelos lisos batendo na cintura e usava um penteado simples tipo “rabo de cavalo”.
Gostava de namorar rapazes mais velhos e um dia conheceu Charles Vasconcelos, colega de colégio.
Charles, um galego bonito, surfista e bom rapaz, sem vícios e muito reservado.
Era um namoro discreto e Suzana gostava de agito. Tudo o que Charles não gostava muito.
Estudante de psicologia, não gostava de balada, não fumava, bebia socialmente e gostava mesmo era de ouvir jazz e musica clássica.
Gostava de teatro e cinema e detestava novelas.
A única que assistiu e gostou foi Rei do Gado com Antonio Fagundes no papel principal.
Já Suzana gostava mesmo era de Saramandaia.
Um dia Suzana foi conhecer os pais de Charles, num sábado a noite e foi durante o jantar que ela se apaixonou por Dr. Revoredo, seu futuro sogro.
Revoredo era um médico gastroenterologista, bem conceituado no Rio de Janeiro, fisicamente parecido com o filho Charles.
O clima em casa ficou amistoso e Suzana muito a vontade, contava história da sua infância e preferência por corridas de cavalos.
Um dia Dr. Revoredo convidou Charles e Suzana para irem ao Jóquei Clube assistir uma corrida e ela sentou-se ao lado de Revoredo, entre ele e Charles.
A mãe não foi. Não gostava de corrida de cavalos e Suzana gostou muito de conversar com Revoredo e torcer pelo cavalo preferido dele.
Apertava a mão dele nas emoções da corrida e quando Charles foi ao toalete ela beijou demoradamente o rosto do médico que se assustou e passou a prestar mais atenção naquela moça bonita e esperta namorada do seu filho.
Ela usava óculos escuros e tirou-os para, olhando de frente para Revoredo dizer:
– Seus olhos verdes são lindos doutor.
– Pode me chamar de Revoredo. Não precisa de cerimônias.
– Que bom, assim a gente pode ficar mais íntimos.
Dr. Revoredo começou a sentir uma atuação por aquela moça de 26 anos, fogosa e alegre ali ao seu lado.
Foram jantar no restaurante do Jóquei e ela ficou de frente pro Revoredo quase nem conversando com Charles, ao seu lado.
Emoção pura.
Um dia, a tarde, Suzana marcou uma consulta com o dr. Revoredo e sozinha no consultório, abraçou calorosa e demoradamente o médico e beijou-o na boca, o que foi correspondido intensamente.
– Você namora meu filho e trata assim os homens?
– Não. Só você. Posso tratá-lo assim?
– Claro. E meu filho, como fica nessa história?
– Vou terminar com ele e ser sua amante. Posso?
– Meu Deus. Como ele vai ficar? Charles gosta muito de você.
– E eu, do senhor. Queria conhecê-lo na intimidade.
– Você ainda é virgem?
– Mais ou menos. Me desvirginei com César, um vizinho, quando a gente morava na Penha, mas foi só uma vez.
– Foi bom?
– Não. Quero fazer amor com você.
– Aqui no consultório?
– Claro que não. Vamos marcar uma manhã dessas e passar o dia se amando.
Foram ao Vips Motel na Praia de Ipanema e numa suíte com vista para o mar Suzana se desvirginou oficialmente. Amor para sempre. Inesquecível.
Nessa noite ela ligou pro Charles pedindo para não ir vê-la pois estava com muita dor de cabeça.
Ligou pro dr. Revoredo e pediu pra ele ouvir, pelo celular, Marisa Monte cantando “amor i love you” e mandou um beijo de boa noite.
Viveram assim durante muito tem e um dia encontrei Suzana tomando um chope com uma amiga, no Amarelinho da Cinelândia, centro do Rio e perguntei:
– Su, em quem você se inspirou pra viver assim?
– Em Lolita, personagem de Vladimir Nabokov
Jaécio Carlos – Produtor e apresentador dos programas Café da Tarde e Tribuna Livre, para Youtube