VIRAMUNDO 12 –
Joaozinho das Rocas está hoje com 74 anos e jogou muita bola que nem deu tampo para estudar. Vivia nas peladas de praia e se arriscou ir pro Racing, não o da Argentina, mas o das Rocas mesmo. O maior rival era o Palmeiras, com Biro no gol. Não passava nada.
Num jogo histórico no João Câmara, campo de futebol perto da Rede Ferroviária, Joaozinho fez um gol faltando 1 minuto pra terminar. Delírio. Naquele dia tomou a primeira cerveja, paga pelos amigos e conheceu a primeira namorada, uma morena das pernas grossas e cabelos ondulados. Apaixonou-se.
Quando o Alecrim contratou Joãozinho ele começou a ganhar um dinheirinho e saiu das Rocas. Alugou uma casa na Potilândia e foi morar com a morena das pernas grossas e cabelos ondulados. Casou depois do terceiro filho e quando já estava jogando pelo ABC.
Tornou-se amigo de Piaba, Ribamar, Otávio, Gonzaga, Erivan, Burunga, Marinho Chagas, Jorginho e Alberi, seu ídolo. Mas tinha também Saquinho, do América, que o convidava sempre a ir pra lá. Nunca aceitou. Rivalidade braba. Preferiu passar uma temporada em Portugal, jogando no Estoril de Coimbra. Voltou logo. Lá era muito frio e a morena de pernas grossas e cabelos ondulados não gostou.
De volta a Natal foi jogar no América junto com Saquinho e Pancinha. Com o dinheiro que ganhou em Portugal comprou uma casa em Santos Reis e vive até hoje lá entre lembranças e saudades da bola. Um dos filhos foi jogar na Itália e ficou por lá mesmo. Mora na Sicilia, terra dos mafiosos e levou o pai pra passar uns tempos por lá. Também não gostou. Costumava dizer: “não troco Natal por um balaio de Itália”.
Aí eu perguntei: quem são seus ídolos, hoje?
– Pela ordem: Pelé, Alberí e Valdick Soriano.
Jaécio Carlos – Produtor e apresentador dos programas Café da Tarde e Tribuna Livre, para Youtube.