VIRAMUNDO 125 –

Zé Roberto é de Aquidabã, cidadezinha do interior sergipano.

O pai, seu Antonio, era marceneiro, bom, humilde, com um belo ciclo de amizades na cidade.
Não gostava de carpintaria.

– Seu Anttonio qual a diferença de marcenaria pra carpintaria?

– É que marceneiro faz móveis e carpinteiro faz esquadrias, portas, janelas, etc.

Assim seu Antonio, praticamente, fazia os móveis por encomenda, do pessoal rico e podia colocar os filhos em bons colégios em Aracaju, principalmente no CCPA – Colégio de Ciências Puras e Aplicadas.

Zé Roberto, o mais velhos dos 3 irmãos, gostava mesmo era de ser policial.

– Quando eu crescer quero ser “puliça”.

– Por que, Zé?

– Pra prender gente que não presta.

– Vige. Vai ter muito trabalho.

Zé saiu do CCPA e foi pra Faculdade Tiradentes e se tornou amigo do professor Uchoa.

Se formou em Direito e fez uma festa comemorando com os amigos no Cacique Chá, famoso bar e restaurante no centro da cidade.

Pouco tempo depois Zé Roberto ja era Delegado de Polícia na principal Delegacia de Aracaju, no centro.

Atendendo o governador, da época, perseguia seus opositores mais importantes.

– Comigo é assim: “escreveu, não leu, cacete come”.

– Como assim, Zé?

– Inimigo do governador é também meu inimigo.

Um dia um Deputado Estadual fez um vídeo metendo o pau no governador ai o Delegado Zé Roberto mandou prender em “flagrante delito”, a meia noite.

Total desrespeito a Lei e a Constituição.

– Aqui a Lei sou eu. Prendo e arrebento.

– Não pode ser assim, Zé. Falta de respeito e você pode ser demitido ou substituído das funções de Delegado.

– Nunca. O governador me protege e apoia tudo o que eu faço.

Essa prisão foi um rebu danado.

O Deputado não podia ser preso, mas foi e ficou 9 meses atrás das grades para desespero da família e dor amigos.

A mídia falava mal do Delegado que, quando menos se esperava, mandava prender jornalista, ativista e qualquer pessoa que demonstrasse oposição ao govenador.

Tinha um jornalista famoso que chamava ele, Zé Roberto, de Carrasco das Delegacias.

– Qualquer dia desses vou mandar prender esse “cabra safado”.

– Faça isso não. A imprensa vai cair de pau em cima da gente.

– Que nada. Esse povo rá sem prestígio.

Zé casou com uma Advogada que ficou famosa por soltar vários bandidos, principalmente traficantes.

Ela usava a influência que tinha sobre o marido e ganhava um bom dinheiro nessas transações.

Dra. Marilda, advogada criminal teve dois filhos gêmeos com o Delegado: Zé Riberto e Maria Roberta.

Os meninos cresceram em Aracaju e fizeram os cursos superiores em Salvado, para felicidade dos pais muito envolvidos com política e crimes.

Zé continuava sua vida agitada de prender e perseguir principalmente jornalistas, blogueiros e militantes contrários ao governo sergipano.

Ele prendia, a mulher soltava e com isso ficaram cada vez mais ricos e odiados pelo povo.

Acabaram indo morar e Feira de Santana, na Bahia, junto com os filhos .

Encontrei o casal no Shopping Iguatemi, em Salvador, jantando com os os filhos e uma netinha, filha de Maria

Roberta e perguntei:

– Zé Roberto, em quem você se inspirou pra sua carreira profissional?

– Alexandre de Morais.

 

 

 

 

 

Jaécio Carlos –  Produtor e apresentador dos programas Café da Tarde e Tribuna Livre, para Youtube

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