VIRAMUNDO 129 –
Simplício Souza Martins nasceu praticamente na feira de Currais Novos, como açougueiro e tinha uma clientela grande.
Aos 20 anos veio embora pra Natal e montou em casa, uma pequena mercearia na Rua do Areal, nas Rocas.
Casou com Marluce, exímia cozinheira do Hotel dos Reis Magos e fazia uma carne de sol com arroz, farofa d’água e feijão verde pra ninguém botar defeito.
Quem gostava muito desse prato era o Governador Aluísio Alves, que, todo sábado, levava os amigos pro hotel e dava bela gorjeta a simpática Marluce.
Marluce e Simplício tiveram 1 filho, Aluisinho que se formou em medicina em Recife num esforço grande de papai Simplício.
– Simpla, vamos botar um restaurante aqui especializado em Carne de Sol?
– Vamos. A gente afasta o balcão da bodega, bota duas mesas e dá pra atender até 8 pessoas.
– Legal. A gente consegue as mesas e cadeiras com a Coca-Cola e arma o circo.
– E qual vai ser o nome?
– Carne Assada do Simplício.
– Né melhor Carne de Sol do Simplício?
– É. Em homenagem Natal, cidade do sol.
Em pouco tempo eles transformaram a bodega no restaurante e a ruazinha ficava lotada de carros trazendo pessoas importantes para almoçarem a deliciosa Carne de Sol do Simplício.
Marluce era toda alegria.
Levou pra lá s clientes do Hotel dos Reis Magos e logo o crescimento aconteceu.
Aluisio, nas férias, vinha de Recife para ajudar e fazia uma propaganda danada da Carne de Sol da mamãe.
Um dia ele trouxe um professor de nutrição do Recife que s encantou com o prato típico de Natal e convidou Seu
Simplício pra montar a Carne de Sol em Recife, na Praia de Boa Viagem.
Um sucesso.
– Vamos colocar o nome de “Carne de Sol de Natal”.
– Vamos ser sócios?
– Não posso deixar minha Marlcinha sozinha lá. Posso ficar aqui 1 semana até vocês aprenderem como fazer.
– Tá certo, mas de vez em quando o senhor vem aqui pra fiscalizar a qualidade
– Não precisa. Aluisinho que estuda aqui, pode fazer isso.
A Carne de Sol de Natal deu tão certo que ele, seu Alfredo, abriu mais 2 restaurantes, um em Olinda e outro em João Pessoa
– Seu Simplício ensinou a um amigo como fazer a carne de sol e ele abriu um restaurante pertinho da Vila Ferroviária, nas Rocas, perto da rua do Areal.
As duas casas viviam lotadas e aos domingos, quando o pessoal voltava da praia, era um tumulto só, para alegria dos flanelinhas.
Um gaúcho, de férias em Natal, foi conhecer a Carne de Sol do seu Simplício e levou a recita pra Santa Maria e logo abriu em Porto Alegre.
– Aqui tem uma vantagem que é o sal e a carne vinda do sertão é uma maravilha.
Depois foi a vez de Brasília, começando em Taguatinga e depois no Plano Piloto, fazendo alegria de deputados e senadores.
Seu Simplício foi homenageado na Câmara Federal com o título “Rei da Carne de Sol”, proposto por um Deputado Federal do Rio Grande do Norte.
Com situação financeira equilibrada, o filho médico e Marluce feliz da vida, eles compraram uma casa na Praia de Maracajaú e nos fins de semana funcionava a Carne de Sol de Natal, que virou grife de alto nível, mantendo o mesmo padrão.
Parecia mais uma franquia, mantendo o mesmo nome em todas as casas.
Antes de se aposentar, seu Simplício abriu uma Clínica de Gastroenterologia pro filho.
– Pronto. Estamos realizados. Eu e Marlucinha já trabalhamos muito, agora é tempo de descansar e curtir a vida.
Encontrei seu Simplício, Marluce e um casal de amigos, jantando na Nau Restaurante, especializada em frutos do mar e perguntei:
– O senhor se inspirou em quem na sua vida profissional?
– Severino Marinho.
Jaécio Carlos – Produtor e apresentador dos programas Café da Tarde e Tribuna Livre, para Youtube