VIRAMUNDO 134 –
Rogério Fernandes veio de Pau dos Ferros morar com a mãe Laura Fernandes em Natal.
Foi estudar no Atheneu e morar em Petrópolis, na Rua 2 de novembro perto da praça e da igreja.
Andava muito a pé até ganhar uma bicicleta Monark, de presente que o pai trouxe de Pau dos Ferros.
Rogerio era um menino forte, meia estatura meio amorenado e muito cedo usando óculos de grau.
Foi estudar contabilidade, professor de português no Senac e funcionário do Bancaldo, junto com professor Djalma dos Santos.
Seu sonho era montar uma loja de eletrodomésticos.
Conseguiu um ponto comercial em plena Avenida Rio Branco, no centro da cidade e com o nome Casa Roger fez uma grande inauguração.
Casou coma dona Bernadete, professora de geografia e tiveram dois filhos: Rogério Júnior e Fátima Fernandes Costa.
Rogério foi promovido a diretor do Senac e se apaixonou por uma moça cabeleireira de lá e passaram a namorar.
O dono da Casa Roger comprou um apartamento simples na Rua Jaguarari, perto de onde ela morava com o marido.
Não tinha filhos por isso era mais solta e livre pra viver sua vida de amante.
O marido desconfiava da traição mas como era seu Rogério, não ligava pois ela tinha o que ele não podia dar.
Viviam juntos, mas eram separados.
Ninguém se metia na vida deles e viviam felizes.
A mulher de Rogério descobria dele mas não queria criar caso pois não faltava nada em casa, só um pouco de carinho que era dividido com Mariana, a cabeleireira.
Rogério comprou também um fusquinha pra Mariana que adorou a ideia e ainda foi promovida a chefe do setor de treinamento do Senac.
A vida corria normalmente e um dia Fátima, filha do “seu Rogério”, descobriu o namoro do pai e foi tirar satisfação com Mariana.
– Sou filha do seu Rogério. Você sabia que ele é casado com minha mãe?
– Sim, eu também sou.
– Você não tem vergonha disso não?
– Claro que não. A gente se ama, é o que importa.
Fátima saiu do encontro abalada e contou pra mãe o que aconteceu.
– Mãe, se eu fosse a senhora arranjava um namorado.
– Tá louca, milha filha. Gosto muito do seu pai e isso pra mim não tem importância.
– Meu Deus como é que pode, a senhora suportar essa coisa.
– A vida é assim, minha filha. Todo macho tem, no mínimo duas fêmeas.
– Mas isso não é certo.
Seu Rogério administrava bem sua vida profissional vendo sua Casa Roger crescer e sua vida amorosa cada vez mais saudável sem ninguém importunar.
Só Fátima que deixou de falar com o pai, com ciúme exagerado.
– Minha filha não faça assim. Veja seu irmão nem liga pra isso.
– Vocês homens são todos iguais.
É natural que quando há traição a relação sofre e a mulher é quem segura a barra, conformada.
Rogério morreu de infarte súbito e as coisas mudaram abruptamente.
Dona Bernadete, a viúva, vender a loja, trocou a fechadura da porta de entrada do apartamento de Mariana e tomou o fusca.
Era tudo no nome de Rogério e ela perdeu tudo.
Encontrei com dona Bernadete no Aeroporto, com os filhos, aguardando o avião da TAP pra levá-los a Portugal, viagem de lazer e perguntei:
– Dona Elisabete, em quer seu Rogério se inspirava pra viver?
– Reginaldo Teófilo.
Jaécio Carlos – Produtor e apresentador dos programas Café da Tarde e Tribuna Livre, para Youtube