VIRAMUNDO 136 –
Manoel Vitorino veio de Areia Branca, capital do sal do Rio Grande do Norte para morar na Casa do Estudante, uma espécie de albergue que abrigava adolescentes vindos do interior.
Vitorino foi estudar no Atheneu, escola pública de alto nível de ensino.
Conheceu muita gente que se tornou importante, no futuro.
Vitorino era um homem baixinho, 1,60m, cabeleira bem penteada e óculos de grau avançada.
Tinha cara de intelectual e era muito namorador, mas voltado para coisas novas no trabalho.
Juntou um dinheirinho que o pai mandava e economizava muito.
Botou uma lojinha de móveis usados na Ribeira e foi conquistando uma boa clientela.
Na época a Ribeira era o centro comercial mais ativo de Natal e sua lojinha foi crescendo.
Casou com dona Estefania, mulher ativa, bonita e tiveram 5 filhos.
Vitorino não queria que ela trabalhasse.
– A mulher e pra tomar conta dos filhos.
– Mas Vitor, é bom ela trabalhar também.
– Trabalha em casa olhando os meninos.
Não deixá-los com as empregadas
Era assim sua disciplina doméstica.
Alugou o prédio ao lado da lojinha e aumentou o negócio.
Colocou o sugestivo nome de BAZAR DA FAMÍLIA e se deu bem
Criou um sistema de vendas revolucionário: crediário.
As pessoas compravam de dividiam os pagamentos em parcelas mensais.
Assinavam as duplicatas e ele negociava com os bancos, com descontos a juros baixos.
Criou, juntamente, com outros empresários o CDL – Clube de Diretores Lojistas e em paralelo o SPC – Serviço de Proteção ao Crédito.
Ajudou a fundar o Rotary Clube de Natal e chegou a presidir a entidade.
Vitorino crescia nos negócios e alugou um prédio na Rua Chile; comprou equipamentos e montou uma fábrica de móveis.
Trouxe um cunhado, irmão de Estefania, e o contratou para ser o gerente.
Fabricar móveis e vender com exclusividade, era seu grande negócio.
Inclusive móveis por encomenda.
Vitorino era um homem inteligente, empreendedor nato e se apaixonou por Lucila, sua secretária de confiança.
Estefania desconfiava mas não reclamava.
– Homem é assim mesmo. Aqui em casa não falta nada nem seu carinho por mim.
– É mulher, mas traição e coisa do diabo.
– Qual é o homem que só tem uma mulher?
– É, desde que não falte nada em casa, pode arranjar as mulheres que quiser.
Vitorino era muito disciplinado e conduzia bem os negócios, os compromissos com a família e era muito discreto.
A loja ia muito bem e a fábrica se móveis vendia também para outras empresas e exportava pra outro estados.
Abriu filial do Bazar da Família na cidade alta e colocou seu irmão pra gerenciar.
Era muito ligado a família. Mais tarde os filhos foram trabalhar com ele e tudo corria muito bem.
Um dia fui visitá-lo no hospital.
Ele estava muito doente e, muito novo ainda; estava com câncer no fígado e não resistiu.
Antes de morrer, na Cabeceira da cama, perguntei:
– Seu Manoel Vitorino, o senhor se inspirou em quem na sua vida?
– Antonio Araújo Freire.
Jaécio Carlos – Produtor e apresentador dos programas Café da Tarde e Tribuna Livre, para Youtube