VIRAMUNDO 138 –
Maria da Paz era uma mulher simples, meio gordinha, cabelos curtos e sempre andava com vestidos comportados.
Só falava com as pessoas sorrindo discretamente.
Trabalhava numa das Secretarias do governo do estado e isso facilitava suas andadas pelas salas dos funcionários.
Juntou um dinheirinho e comprou joias pra vender nas repartições.
Seu trabalho era muito leve e nas horas de “folga” ia vendendo suas joias.
Ganhava mais que o salário e, como era econômica, reaplicava o dinheiro comprando mais joias.
Em pouco tempo pediu licença da repartição e montou uma pequena joalheria no centro da cidade.
Se estruturou e a coisa foi crescendo. Conheceu Mário, um representante comercial de tecidos.
Casaram e tiveram 4 filhos: 3 meninos e 1 menina.
Um deles era uma espécie de “ovelha negra”.
Perturbador e encrenqueiro fazia da mesada que recebia, farras e drogas.
Era trabalhoso e Maria da Paz não tinha paciência com ele.
Um dos dois meninos não gostava de estudar, mas ajudava muito o pai nos negócios, viajando com ele pra visitar os clientes lojistas.
Já o outro era muito estudioso e se formou em contabilidade.
A menina foi estudar na Escola Doméstica.
– Por que Rafaela vc escolheu a Escola Doméstica?
– Escolha da minha mãe.
– Por que?
– Pra me formar em economia doméstica e ser uma boa esposa.
Em pouco tempo Da Paz e Mário juntaram um bom dinheiro e fundaram uma Concessionária de Automóveis.
– Juninho, o que não gostava de estudar, mas era um grande vendedor, ficou na parte comercial e Julinho no escritório tomando conta das finanças.
A menina Rafaela casou com um funcionário do Banco do Brasil e foram morar em Maceió.
Já Franco, o rebelde, casou com uma moça do serão, comprou uma casa pra morar e deu muito trabalho pra pagar
– Franco, vamos fazer um negócio com você.
– Que negócio?
– a gente se recebeu com seus irmãos e vamos indenizar você.
– Como assim?
– Pagar um valor pra você se tornar independente e sair da família.
E assim Franco deixou a família e foi viver a vida do seu jeito sem incomodar os pais e os irmãos.
Em pouco tempo a empresa comprou um Consórcio e aumentou os negócios.
Veio depois a segunda concessionária de veículos quando seu Mario morreu.
Agora Maria da Paz assumiu as empresas e coordenou o trabalhos dos filhos.
Rafaela separou-se do bancário e veio pro grupo.
– Ainda bem que Rafinha não teve filhos.
– Mas ela tá namorando o Jefferson, gerente do Consórcio, e desse ela não escapa.
– Por que?
– Porque Jefferson separou-se recentemente, tem 2 filhos e já disse que quer mais um.
As empresas, que começaram com a obstinação de uma humilde vendedora de joias estavam entre as melhores concessionárias de veículos do país e um dos mais conceituados Consórcios.
Maria da Paz não quis mais casar
Tinha um namorado viúvo, ex-militar e viviam muito bem.
Ela ao longo da vida sempre trabalhou e manteve a família unida
Agora com netos e bisnetos goza de muita tranquilidade e conforto.
Encontrei com ela num café da manha em sua vela mansão em frente ao morro do careca, em ponta negra e perguntei: – Dona Maria da Paz em quem a senhora se inspirou na sua vida?
– Joanita Potiguar.
Jaécio Carlos – Produtor e apresentador dos programas Café da Tarde e Tribuna Livre, para Youtube