VIRAMUNDO 140 –
Raimundo Moura veio de Patu, cidadezinha do interior do Rio Grande do Norte, morar em Natal.
O pai era fazendeiro lá e tinha situação financeira boa.
Raimundo era o terceiro de uma família de cinco filhos e dona Etelvina, a mãe, era muito severa com os meninos mas era muito condescendente com Raimundinho, o filho querido.
O pai, seu Epaminondas, não gostava nada disso e vivia perseguindo Raimundinho, uma espécie de inveja.
Todos os cinco filhos foram estudar em escola pública mas ao completar 14 anos o pai arranjou com um amigo emprego para Raimundinho numa loja de confecções no Alecrim.
Quando ele recebeu o primeiro salário, dona Etelvina pegou o dinheiro e doou para o Padre Eimar usar na construção da Igreja da 2 de novembro, em Petrópolis.
Raimundinho ficou chateado mas a mãe disse que era uma promessa pra ele trabalhar.
– A senhora faz a promessa e eu é quem paga.
– É meu filho. É pro seu bem.
– E agora fiquei sem dinheiro nem pra ir ao cinema.
– Não se preocupe. Você vai ser um homem muito feliz, principalmente agora depois que pagou a promessa.
– Vamos ver.
Raimundinho era muito esforçado no trabalho e como era de menor foi estudar de manha no a Senac e trabalhar de tarde.
O tempo foi passando e ele conheceu Matilde, moça bonita, estudante da Escola Doméstica e queridinha de dona Noilde, a diretora da escola.
Matilde era uma morena clara, bonita e inteligente filha de seu Alfredo, comerciante de secos e molhados com um grande armazém em Macaíba, cidade vizinha a Natal.
Raimundinho e Matilde se apaixonaram e formavam um casal perfeito.
Casaram num ensolarado sábado de março e foram passar a lua de mel no Hotel dos Reis Magos em plena praia do meio, em Natal.
Seu Alfredo se associou ao genro e montaram uma loja de confecções masculinas no centro da cidade.
Na época a grande sensação era o cinema americano com as grandes produções em Cinemascope e ai teve a ideia de colocar o nome da loja de Lojascope.
Um sucesso e logo montou uma pequena fábrica de roupas.
Raimundinho e Matilde tiveram três filhas que foram estudar na Escola Doméstica, igual a mãe.
Raimundinho era um homem realizado.
Bem casado com Matilde, amigo e sócio de seu Alfredo, o sogro, que depois vendeu a parte da sociedade passando pra filha seu patrimônio na empresa.
A Lojascope passou a ser uma das principais lojas masculinas de Natal, concorrendo com Loja Seta, Camisaria União, Casa Londres, Formosa Síria; entre outras.
Raimundinho chegou a presidir o Rotary Clube e sua posição social foi brilhante.
Com a abertura da filial no Alecrim, em meio a um comércio agitado, Raimundinho viu os negócios se multiplicarem e ele ampliou a fábrica de roupas, chegando muito perto da Confecções Guararapes, de Nevaldo Rocha
Com duas lojas e uma fábrica de roupas, Raimundinho se tornou o empresário do ano e junto com Matilde foram passear na Europa com as filhas.
Trouxe muitas ideias de volta da viagem e montou pra mulher, da sócia, uma loja de estética feminina com apoio de Helena Rubinstein em Petrópolis na Avenida Afonso Pena onde as filhas, já crescidas, trabalharam junto com a mãe.
Encontrei o casal e as filhas jantando no Restaurante Tábua de Carnes, de Ponta Negra e perguntei:.
– Sr. Raimundo em quem o senhor se inspirou pra sua vida profissional?
– Joaquim Felício de Morais (Quincola).
Jaécio Carlos – Produtor e apresentador dos programas Café da Tarde e Tribuna Livre, para Youtube