VIRAMUNDO 169 –
Maria Júlia veio de Santa Cruz, cidadezinha localizada na microrregião da Borborema Potiguar, produtora de molhos vegetais de alto sabor nutritivo.
Mau era uma moça bonita, meiga, inteligente e muito bonita, cabelos curtos e olhos castanhos.
Veio pra Natal e foi estudar na Escola Doméstica e se tornou muito amiga de Noilde Ramalho a super diretora da escola..
Gostava de usar a farda branca com a saia piscada, abaixo do joelho, escondendo as coxas grossas, alvas que nem leite de cabra
– Maju, como você se aproximou da professora Noilde?
– Ah! Ela é uma pessoa doce, inteligente e uma educadora de alto nível.
– Mas ela é muito fechada, de poucos amigos.
– Nada disso. Ela é espontânea, discreta e adora suas alunas.
Mau era líder e comandava suas colegas incentivando-as para que participassem de movimentos políticos.
Conheceu Artur, filho do Senador Edmundo Medeiros, fazendeiro em Currais Novos, grande produtor de Xelitan minério importante e muito valorizado na região.
Artur, igual ao pai, tinha pretensões políticas e chegou a Prefeitura de Currais Novos, apoiado por Dinarte Mariz, outro importante político caicoense, colega de Edmundo, seu colega do Senado.
Artur e Maju se conheceram em Natal, numa festa de domingo no América.
Dançaram a noite toda e se apaixonaram principalmente quando ele soube que Maju era formada na Escola
Doméstica, com todos os requisitos de uma moça preparada para o casamento.
Artur viu nela o seu grande amor e levou-a a ser a primeira dama do município causando inveja a mulherada e a alguns rapazes que também queriam a santacruzense.
Maju e Artur formavam um casal bonito e importante.
Tinham casa em Natal e em Currais Novos onde recebiam amigos políticos em festivos churrascos nos fins de semana.
O pai, Senador, conseguiu eleger Artur a Deputado Estadual e ele chegou a presidência da Assembleia Legislativa mostrando a liderança do político do interior.
Seu filho Arturzinho seguiu a carreira do pão e começou como vereador em Natal e permaneceu por quatro legislatura e hoje é apenas fazendeiro, criador de gado de corte na região do Trairi.
Mamãe Maju vivia entre a fazenda do filho e a bela casa no Tirol onde recebia amigos e ex-colegas da Escola Doméstica.
Para presentear as amigas comprou uma grande quantidade de calcinhas de uma fábrica de roupas íntimas para presentear suas antigas colegas e foi um escândalo porque com verba pública do Senado no último período do Senador Artur.
– Esse escândalo prejudicou a vida pública do seu marido. Foi bom?
– Não. Pelo menos ele fica mais tempo comigo e a política atrapalha.
O senador Artur entrou em depressão e Maju se arrependeu dos muitos exageros que cometia usando o prestígio e a confiança do marido que ficou conhecido como o “Senador das calcinhas”.
Isso foi o fim da carreira política.
Morreu de câncer no fígado e Maju entrou em depressão e foi morar na fazenda com o filho Arturzinho.
Numa das suas vindas a Natal, encontrei-a almoçando com um casal amigo no restaurante do Iate Clube e perguntei:
– Dona Maria Júlia, em quem a senhora se inspirou pra sua vida?
– Em Aida Cortez Pereira.
Jaécio Carlos – Produtor e apresentador dos programas Café da Tarde e Tribuna Livre, para YouTube