VIRAMUNDO 52 –

Antonio Medeiros, Toinho Poeta, é de Açu e desde criança faz poesia e cordel.

Na escola brincava com os colegas e costumava fazer versos pras meninas mais bonitinhas causando uma ciumeira danada.

– Toinho, faça uma poesia pra Poliana e boto meu nome que vou dizer que fui eu que fiz.

– Tá

Poliana era uma menina linda, cabelos negros, lisos batendo na cintura. Usava óculos de grau e só andava de bermuda jeans com a bainha dobrada, quando não estava de farda.

– Poliana, fiz pra você

– Nossa que lindo. Adoro poesia. Meu tio também é poeta.

– Aqui de Açu?

– Sim, mas ele vive muito em Natal

– Quem é ele?

– Ze Areia

– Acho que meu pai conhece

Joãozinho e Poliana começaram namorar e ela pediu pra ele fazer outra poesia pra ele.

– Toinho, meu amigo, preciso de outra poesia.

– Pra mesma pessoa?

– Sim.

– Quero conhece-la

– É Poliana.

– Ah! legal.

– Pronto amor, taqui o seu poema.

Virou moda na escola as meninas receberem poesias dos amiguinhos e invariavelmente, começamos a namorar.

Chega o mês de junho. Açu se enfeita toda. As ruas embandeiradas com o vento fazendo aquele barulhinho gostoso assoprando as coloridas bandeiras de papel formando tetos nas ruas cheias de restos de fogueiras.

A noite quadrilhas fazem a festa em meio a frutas, canjicas, milho assado, bolos e muita comida.

Toinho Poeta era o rei da festa. Muito conhecido e amigo de todos se deliciava dançando forró com todo mundo. Não tinha namorada e isso facilitava sua vida.

– Ah! você é Poliana? Muito prazer. Sou Toinho Poeta.

– Eu conheço você de vista, lá da escola. Meu namorado também é poeta. Ele fez duas poesias lindas pra mim.

– Como é o nome dele?

– Joãozinho Montenegro

– Conheço. Estudamos juntos.

Toinho não falou que quem fez as poesias foi ele. Claro, a ética fala mais alto.

– Você conhece meu tio Ze Areia?

– Somos amigos. Nas férias quando ele vai a Natal geralmente vamos juntos.

Toinho ficou interessado na Poliana e fez uma poesia especial pra ela.

– Linda, Toinho. Vou mostrar pro Joãozinho.

– Cuidado, ele pode ficar com ciúme.

– Então não vou mostrar.

Dias depois Joãozinho pede outra poesia a Toinho que, de sacanagem, repete a que fez pra Poliana e o entrega.

Quando Joãozinho entregou a poesia á Poliana ela achou estranho e perguntou:

– Quem fez?

– Eu

Ela foi buscar a que Toinho fez e comparou.

– Veja a coincidência. E igual a que Toinho fez pra mim.

Meu Deus! Um banho de água fria deixou Joãozinho sem graça e ele confessou que as outras duas também tinham sido feitas por Toinho atendendo ao seu pedido.

– Por que você mentiu?

– Por amor

– Não precisava fazer isso.

– E Agora?

– Não confio mais em você.

Terminaram o namoro e uma tarde Poliana e Toinho se encontraram na sorveteria e ele entregou a ela algumas poesias feitas em sua homenagem.

– Nossa, tudo isso pra mim?

– Fiquei muito impressionado com você e me inspirei pra poetar em sua homenagem.

– Muito obrigada. Estou feliz.

– Você é minha musa.

Foram morar em Mossoró e tiveram como padrinho o poeta Antonio Francisco.

Encontrei Toinho no lançamento do seu livro na Livraria Independência e perguntei quem o havia estimulado

– Vinicius de Morais.

 

 

 

Jaécio Carlos –  Produtor e apresentador dos programas Café da Tarde e Tribuna Livre, para Youtube.

As opiniões emitidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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