VIRAMUNDO 75 –

Rapariga em Portugal eh feminino de rapaz, por sinal mulher de respeito na sociedade. Em Alcobaça, pertinho de Leiria, vivia Deolinda Meireles, uma loiraça portuguesa dos peitos grandes e linda demais que incomodava homens e principalmente mulheres ciumentas.

Costumava ir a igreja do Padre Anastácio aos domingos de manhã com suas roupas discretas, sem decotes provocante.

Deosinha, como era conhecida na intimidade, gostava de ler Eca de Queiroz e os heterônimos de Fernando Pessoa.

Tinha poucas amigas mas muitos marmanjos apaixonados e frustrados porquê Deosinha não dava bolas pra eles, apenas sorrisos sensuais.

Recebia muitas cantadas e declarações de amor pelo Instagram e respondia a todos com educação e sem comprometimento.

– Deo, você precisa conhecer o Brasil

– Por quê?

– Porquê lá rapariga tem outro sentido e eh um país cheio de belezas naturais e um povo lindo que fala português diferente de nós.

– Já ouvi muito elogios sobre o Brasil, principalmente do nordeste onde nosso patrício Cabral foi muito feliz ao descobrir esse país no Rio Grande do Norte.

– Poie eh. Tenho amigos em Natal e podemos passar umas férias lá.

Chegando aqui Deolinda e Maria da Graça foram hóspedes de António Medeiros, Toinho de Currais Novos, escritor e poeta e amigo de Câmara Cascudo.

Levou as raparigas portuguesas pra conhecer as maravilhosas praias potiguares e ficaram encantadas com a Praia do Marco, no litoral de Touros onde o Brasil foi descoberto.

– Pensei que o Brasil fosse descoberto na Bahia.

– Não Deosinha, foi aqui, porquê o Marco original está guardado e protegido na Fortaleza dos Reis Magos. Se tivesse sido na Bahia ele estaria lá.

– Eh verdade. Por que vocês não divulgam isso?

– Sei lá.

As raparigas portuguesas tiraram fotos na praia ao lado da réplica do Marco e ficaram de voltar e de divulgar que estiveram no lugar onde o Brasil foi descoberto e onde foi rezada a primeira missa.

A noite foram tomar vinho e conhecer as baladas de Ponta Negra.

Deosinha vestia uma blusa branda transparente onde o sutiã branco protegia os lindos e exuberantes seios.

A sensualidade era acompanhada de sorrisos e olhares discretos e homens e mulheres ficavam extasiados com tanta beleza.

Nem se incomodavam com a calça jeans desbotada e rasgada nos joelhos nem nos tamancos de salto alto.

Maurício, um agente de viagem, aproximou -se das meninas e tentou beijar De o no rosto e quase deu um beijo na boca.

– Adoro raparigas

– Não sou rapariga brasileira. Me respeite.

Falou bravamente e Maurício ficou com cara de tacho.

Toinho de Currais Novos está sempre ao lado das meninas e ficava orgulhoso por isso.

– Toinho, me apresenta aquela loira dos peitos grandes.

– Tá.

E Rafael conheceu a loira dos peitos grandes e ofereceu carona pra deixá-la em casa.

– Não vou sozinha com você. Graça vai comigo.

– Não tem problema. Vamos passar antes aqui no Restaurante Camarões.

Foram os três jantar e escolhe o melhor prato da casa: camarão internacional

Graça e Deo voltaram pra Portugal e daqui levaram saudades.

Maurício conseguiu com Toinho o endereço de Deo em Alcobaça e foi passar uns dias por lá.

Voltou casado com a loiraça portuguesa, tiveram um filho brasileiro em Natal e hoje mora em Aveiro trabalhando numa empresa de informática.

Encontrei o casal num domingo, almoçam em Galinhos e perguntei a Deolinda:

– Em quem você se inspirou pra viver assim?

– Fernando Pessoa.

 

 

 

Jaécio Carlos –  Produtor e apresentador dos programas Café da Tarde e Tribuna Livre, para Youtube.

As opiniões emitidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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