VIRAMUNDO 8 –
Outro dia vi numa matéria na televisão um homem confessando que havia matado a esposa com 37 facadas porque não aceitava a separação. O repórter falou assim: “O Sr José da Silva, suspeito de crime passional, confessou que matou a mulher porque não aceitava a separação….”.
Ora, se o cara confessou o crime, por que a expressão “suspeito”?
Conversei depois com o repórter e perguntei por que ele era suspeito, se havia confessado o crime. – É que no jornalismo é assim mesmo. A gente não pode afirmar nada.
– Mas não foi o Zé que afirmou? Como, ele é suspeito?
Então eu questionei essa orientação jornalística. – É o seguinte, lá na faculdade os professores insistem em que a gente nunca deixe de usar a palavra “suspeito” porque podemos ser processados ao fazer afirmações, mesmo que o criminoso confesse.
Entre abestalhado e curioso, continuei.
– Quer dizer que, se o criminoso confessar um roubo, furto ou assassinato, ele é suspeito?
– É, foi essa a orientação que recebi.
Conversando ouro dia com Marileuza, na empresa onde trabalhávamos, ela me apresentou o filho mais novo, uns 6 anos e eu perguntei quem era o pai e ela respondeu “ Joaquim, ele é o suspeito pai”.
– Como!? Qual a profissão do Joaquim?
Repórter.
Jaécio Carlos – Produtor e apresentador dos programas Café da Tarde e Tribuna Livre, para Youtube.