VIRAMUNDO 99 –

Branca Vasconcelos nasceu lá pras bandas de Santo Antonio, cidadezinha no interior do Rio Grande do Norte, que um dia o escritor Ney Leandro de Castro contou a estória do salto da Onça sobre a pracinha de lá.

Branca foi a 10a filha de 11 meninas do casal Juca e Maria Celestina. Eles tiveram 12 filhos, incluindo ai 1 menino.

Branca morou muito tempo num sitio entre a natureza e a água corrente de um rio manso e hospedeiro de margens repletas de árvores.

Volta e meia ela passava horas sentada na beira do rio com os pés dentro da água morna e curtindo a natureza. Vida tranquila e sem pressa.

A família veio morar em Natal, na zona norte e Branquinha estranhou muito a nova vida, tumultuada com a circulação de carros e pessoas nas ruas.

Branca já nasceu bonita e muito diferente das irmãs.

Gostava de estudar e tinha um sonho: ter um filho e se formar em pelo menos 2 faculdades

Uma das irmãs achava que ela era doida, mas ela não ligava.

Gostava de duas coisas: rock e filme de terror.

Pintou os longos cabelos de amarelo e ficou uma loura linda incomodando os meninos da rua em que morava.

Magra, boa estatura e muito vaidosa, Branquinha exagerava na maquiagem usando batom preto e na pintura ao redor dos olhos.

Pra chamar atenção andava vestida com shortinho ou sainha curta e camiseta folgada, sem sutiã, dando um jeito da mãe não ver senão a bronca era grande.

Na escola Branquinha um terror. Mexia com os meninos e não sevada bem com as meninas.

– Branca, por que você na gosta das meninas?

– Porque elas são invejosas

Pra se aquietar um pouco a mãe pediu pra ela frequentar a igreja evangélica.

Inteligente e interessada na bíblia ela começou a fazer reuniões aos domingos, na igreja.

– Quase viro Santa.

Comentou com uma amiga.

Entre os frequentadores das reuniões aos domingo havia um rapazinho bonito, calado e bem comportado.

– Um dia quero casar e ter um filho. Acho que vai ser com esse Cezinha.

– Você é doida. Esse menino é muito chato, não fala com ninguém.

– É assim que eu gosto.

Casaram, algum tempo depois e tiveram 1 filho: Márcio.

Pronto. O primeiro já realizou.

Agora Branca Vasconcelos entrou na Faculdade de Recursos Humanos e levava o filho pra faculdade.

– Por que trazer o filho pra cá?

– Porque não tenho com quem deixar e eu adoro ficar com ele do meu lado.

Na colação de grau se emocionou ouvindo o som com músicas de Roberto Carlos, seu cantor preferido.

Pronto, o segundo sonho foi realizado.

Branquinha adoeceu e quase morre numa cirurgia de alto risco no nariz.

Incansável e determinada, Branca foi em busca do terceiro sonho: estudar Administração.

Concluiu o curso com muito esforço, o filho Márcio estudando engenharia foi pra Aeronáutica, casou com Clarinha e foi morar em São Paulo, servir no Campo de Marte.

Branca ficou sozinha e com constantes desavenças com Cezinha, separou-se dele e foi morar na Espanha, com as irmãs.

Uma vez por ano Márcio e Clarinha, grávida, vinham a Natal passar férias com Branca, que chegava da Espanha com Arturo, seu novo marido.

Em abril nasceu Eduarda, a neta e ela foi pra São Paulo cuidar da menina.

Um dia encontrei Branca, Arturo, Cezinha (ex-marido), Márcio, Clarinha e Eduarda no Restaurante Camarões, Ponta Negra e perguntei:

– Branca, em quem você se inspirou sua vida?

– Valtercia Bezerra.

 

 

 

 

Jaécio Carlos –  Produtor e apresentador dos programas Café da Tarde e Tribuna Livre, para Youtube.

As opiniões emitidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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