VIRTUDES TEOLOGAIS: FÉ, ESPERANÇA E AMOR –

Sobre a fé, muitos ensinos e conceitos de renomados filósofos e ícones do pensamento humano.

Plutarco: “Percorrei a terra, e achareis cidades sem muros, sem ciências, sem artes e sem reis; povos sem habitações fixas, sem uso e sem conhecimentos da moeda; sem exercícios do corpo, sem teatros e sem espetáculos; mas não encontrareis um só povo sem Deus, sem culto e sem sacrifícios

Max Muller: “Assim, se nós descermos às mais antigas e as mais profundas raízes do nosso desenvolvimento intelectual, ou remontarmos aos cimos das mais altas especulações modernas – sempre encontraremos a fé e seu poder – seja triunfando sobre o homem, seja o homem buscando triunfar sobre ela”.

Álvaro Reis: “Sem fé verdadeira e prática, que é predominante no nosso tempo, a sociedade degenera em caos. Não admira, portanto, que a política seja mais mercenária que patriótica; não admira que a justiça se suborne aos caprichos partidários ou às influências auri-maníacas; não admira que os costumes se relaxem e a decadência se manifeste proclamando por toda a parte uma bancarrota do caráter. Onde não houver verdadeira fé e verdadeira religião aí se não encontra o verdadeiro caráter, o caráter que se não deixa vilipendiar por interesses; o caráter que sabe delimitar a sua atividade nesta vastíssima esfera: praticar o bem pelo amor do mesmo bem”.

A vida de cada um de nós é sempre uma grande história, um imenso cenário, um vasto campo de guerra, pois quando a pessoa se decide a viver e não apenas a existir, entra ela numa arena de lutas onde é impossível a vitória sem o concurso da fé.

As aparências são enganosas e o nosso olhar não penetra além da superfície das coisas; e os tesouros ocultos, os verdadeiros valores da vida permanecem desconhecidos e inexplorados.

A ciência dos olhos abrange apenas a transitoriedade das coisas visíveis e aquele que anda só pela visão dos olhos, brutaliza-se na vida do instinto e da matéria, que cultivada sem o domínio do espírito, leva-o à natureza dos animais do campo que perecem.

A ciência da fé penetra a essência, abrange o invisível, atinge o eterno. O que anda por fé e cultiva o espírito, se desprende da terra, sobe ao infinito, vai até Deus. Aquele que crê se compenetra do valor exato da vida e se dispõe a lutar no terreno do espiritual. O que anda pela visão da fé e não somente pela vista dos olhos carnais, costuma divisar além, através das ingratidões, injustiças e violências do mundo, os panoramas deslumbrantes do mundo inviso da alma, regozijando-se, mesmo com o coração chagado, onde as esperanças, ungidas de sangue, não podem ser desarraigadas jamais.

ESPERANÇA

O homem sempre viveu de esperança.

Pelo relato bíblico, quando os nossos primeiros pais saíram do Paraíso, consumindo suas almas nas dores e angústias dos seus erros, levaram no coração um único tesouro, a esperança da redenção.

Os povos que não tiveram a luz da revelação divina tiveram de inventar uma história para explicar o sentimento humano de esperança. E foi assim, que na mitologia greco-romana, surgiu a figura de Pandora. Pandora trazia nas mãos uma caixinha misteriosa que deveria permanecer fechada. Aberta, enfim, aquela caixa, dela escaparam todos os males e, conseguiu-se deter apenas a esperança, como lenitivo aos desprazeres humanos. Filósofos, teólogos, escritores, falaram de esperança:

Thales de Mileto, o filósofo geógrafo da Escola Jônica, afirmou: “A esperança é o único bem comum a todos os homens”.

Thomas Fuller assevera: “Esperança, luz que ilumina o caminho da eternidade”.

Finalmente o grande gênio português de Guerra Junqueiro escreveu: “em tudo que alvorece há um sorriso de esperança”.

Mas essa não é a esperança do vulgo, pois esta é triste e decepcionante e está consignada na chamada filosofia do para-choque: “A esperança é a última que morre” e “enquanto há vida há esperança”.

É uma mensagem negativa, pois tudo quanto o homem tem, chega um dia a morrer, e quando a esperança morre, é o choro que chega, é a desilusão que impera, nociva e destruidora. É preciso crer na esperança que não morre.

AMOR

O amor sempre foi uma das questões existenciais básicas do ser humano e um de seus maiores desejos. O amor transversaliza todos os temas de nossa existência. É uma busca permanente. Tem o poder de suprimir as distâncias entre os homens. O amor é a força mais dizimadora das diferenças humanas. Desfaz indiferenças mais geladas que um inverno polar; faz voltar o verão onde invernou prematuramente. Faz o coração arder mais que o sol de verão, esfria iras mais abrasadoras que as lavas de um vulcão em furiosa erupção. O amor é capaz de desativar uma bomba atômica. Desarma um exército pronto para o ataque. Cola gente despedaçada pelos males do desamor.

Não obstante o amor ser o mais forte elo entre as pessoas, as dificuldades a ela relacionadas são inúmeras e fazem parte da realidade humana. É tão difícil vivê-lo quanto descrevê-lo. O teórico da psicologia junguiana chega a expressar essa dificuldade em sua autobiografia:

“Falta coragem de procurar a linguagem capaz de exprimir adequadamente o paradoxo infinito do amor. A fórmula condicional do apóstolo Paulo “… se eu não tiver amor…” parece-me ser o primeiro de todos os conhecimentos e a própria essência da divindade…” “Tanto minha experiência médica como minha vida pessoal colocaram-me constantemente diante do mistério do amor e nunca fui capaz de dar-lhe uma resposta válida… o que quer que diga, palavra alguma abarcará o todo… o amor desculpa tudo, acredita em tudo, espera tudo, suporta tudo…”.

É difícil amar verdadeiramente. Às vezes, as pessoas se trancam. Só o amor é capaz de levá-las para fora dos seus confinamentos. Para amar é preciso deixar de ser radical e está sempre disposto a voltar atrás. As nossas palavras devem trazer possibilidades de reencontros, de voltas, de arrependimento, de cura e de vida. Devem criar possibilidades desativar bombas atômicas…

 

 

 

Josoniel Fonseca – Advogado

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