VIVA E DEIXE VIVER –
Nós temos o estranho, porém justificável, hábito de julgar as atitudes dos outros de acordo com a nossa própria maneira de agir. Estranho porque em 99% dos casos descobrimos, às vezes tarde demais, que estávamos errados e mesmo assim continuamos utilizando este método; justificável porque não conhecemos outra maneira de julgar o próximo.
Mas, francamente, por que precisamos fazer um conceito prévio de alguém que não conhecemos ou de uma situação que nem aconteceu e pode não acontecer?
O que justifica a necessidade de rotular as pessoas? Proteção? Medo? Contra o quê, medo de quê?
As pessoas, cada vez mais, têm se aprimorado em tecnologia, entretanto tem involuído em termos de relacionamento humano. Ora se escondem atrás de um computador, telefone, tablet e congêneres, ora usam os recursos tecnológicos para “fuçar” as vidas uns dos outros. Ou não conhecemos nossos vizinhos ou passamos o dia na janela a observar sua vida.
As conversas em família são realizadas via mensagens de texto ou whatsApp…
A máxima “viva e deixe viver” foi absolutamente esquecida e substituída por “quem vê de fora vê melhor”. Atitudes extremas assim não serão capazes de ensinar as novas gerações o respeito pelo limite e espaço do outro e transformarão a raça humana em criaturas cheias de problemas, mas que não os notam por estarem escondidas sob um fake googleando uns aos outros.
Nada mais triste do que estar no trânsito e ver uma aglomeração, dezenas de pessoas cercando o local de um acidente sem que ninguém se disponha a ajudar, ou pessoas balançando a cabeça enquanto veem um assalto, ou pessoas num velório comentado sobre a morte do defunto sem lembrar que em vida nunca lhe foi estendida a mão ou lhe foi dada uma segunda chance.
Enquanto não olharmos para o nosso próprio umbigo, enquanto os defeitos do outro nos cegarem a ponto de não percebermos que também não somos perfeitos, não seremos pessoas melhores e dignas de nota num futuro longínquo. Devemos nos abster de nos incomodar com a vida do outro, parando nosso caminho apenas quando estivermos realmente dispostos a ajudar.
Ana Luiza Rabelo – Advogada ([email protected])