Adauto Medeiros
Algum tempo atrás escrevei já sobre este tema e agora resolvi abordar novamente neste novo artigo. E o que quero iniciar dizendo é uma constatação: infelizmente os nossos governantes não tem coragem de dizer claramente à população que as causas das enchentes que ocorrem em várias cidades do país, são as áreas laterais dos rios em que são construídas casas, gerando um grave problema, porque ao construir as casas, diminui o caminho natural das águas.
As áreas laterais são conhecidas como várzea dos rios, sendo elas o caminho natural das águas quando enche o leito do rio. Ora, neste caso, penso eu, não podemos colocar a culpa apenas no poder público, pois a população que constrói essas casas, não tem consciência do tamanho do problema que geram, e o pior, as próprias autoridades dos municípios não estão nem ai, pois eles moram em sua grande maioria na parte alta das cidades cercada dos serviços básicos e, portanto não tem a menor preocupação com a ralé que vive na beira do rio. Lamentável.
Hoje sabemos que com raras exceções as cidades são fundadas as margens dos rios e quando começa a crescer, só ficam na beira dos rios os pobres que não tem condição de uma vida e moradia melhor, e, portanto são vitimas, e o pior não tem como defender-se. Conclusão: como a área diminui, a velocidade da água aumenta e com isto ocorre a destruição que faz pelo caminho derrubando casas.
A fiscalização que deveria ter um papel melhor nessa questão, não tem o menor interesse em subordinar também o código de obra do município aos invasores porque simplesmente são pobres e isto lhes confere um direito canônico de morrerem afogados, não só em águas sujas, mas também por culpa das fiscalizações dos municípios.
Sei que essas, as minhas, são ideias totalmente “fora da nossa realidade” e, portanto sem a menor condição de serem escutadas. Por fim, ainda que muitos discordem, e sem sentido de ofensa, penso que no Brasil pobre pode tudo, quem não pode mesmo são os ricos e por isto são obrigados a se isolarem na parte alta da cidade. Viva a fiscalização das prefeituras. Até que novas enchentes provoquem novas mortes.
Adauto Medeiros, engenheiro civil e empresário adautomedeiros@bol.com.br
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