VIVA O CIRCO! –
Atualmente, somos plateia de um circo diferente, onde há malabaristas, mágicos, palhaços, trapaceiros e verdadeiros ilusionistas. Um circo de horrores e incertezas.
O mundo parece estar de cabeça pra baixo. A cegueira provocada pelo fanatismo político tomou conta da metade do povo brasileiro, que não enxerga nada errado.
“A banda decente do país” está de crucifixo na mão, orando, pela expulsão do anjo do mal.
Sinto saudade dos antigos circos, cujos espetáculos começavam com a tradicional saudação:
“-RESPEITÁVEL PÚBLICO!”
Aí estava englobada toda a plateia, onde todos eram iguais perante a lei, como dispõe a Constituição Federal.
A tradicional abertura do espetáculo circense respeita o português vernáculo. Todo o público presente se sente generosamente cumprimentado, sem inovações ridículas que ferem, hoje, a tradição da nossa língua.
O Circo é sábio, até em manter a tradicional saudação: “RESPEITÁVEL PÚBLICO!”
Modismos atuais induzem oradores e comunicadores a citar, no início de seus discursos, saudações como:
“Bom dia, boa tarde ou boa noite” a todos e todas. Agora piorou: E a “todes”.
Na Câmara Municipal de Natal, esta é a linguagem usada.
A campanha do feminismo é responsável por estas aberrações da nossa língua. As mulheres querem ser citadas pessoalmente, e não incluídas genericamente no masculino tradicional. O Ex-Presidente José Sarney foi o precursor dessa “benesse” às mulheres, ao começar seus discursos, com “Brasileiros e Brasileiras”. A supremacia do gênero masculino que aprendemos no Curso Primário passou a ser ofuscada gramaticalmente.
Atualmente, nas reuniões especializadas, os discursos começam com as saudações:
“Doutoras e Doutores, Acadêmicos e Acadêmicas, Professores e Professoras, Eleitores e Eleitoras etc.”
Durante séculos, no Cristianismo, as mulheres nunca se sentiram depreciadas, diante da expressão aceita universalmente: “Jesus Salvador dos Homens”.
Quando Bach compôs a famosa peça “Jesus, Alegria dos Homens”,
as mulheres não reagiram. Parece que, antigamente, a inteligência das mulheres era mais aguçada.
Nos Circos, onde predomina a sabedoria da tradição, a forma ambígua do “Respeitável Público” engloba todo o público presente, sem distinção ou prioridade. Ninguém se sente ofendido, pois todos se sentem respeitáveis.
A distinção de gênero introduzida pelo modismo atual, dá a impressão de que a humanidade é composta de dois seres especiais e estanques, quando na realidade a própria palavra “humanidade” lembra a raiz comum a todos nós, a condição humana e feminina.
Violante Pimentel – Escritora
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