VOU EMBORA PARA PASÁRGADA –
“Vou embora pra Pasárgada/Lá sou amigo do rei / Lá tenho a mulher que eu quero / Na cama que escolherei Vou embora pra Pasárgada / Vou embora pra Pasárgada / Aqui eu não sou feliz.”
Como posso se feliz aqui? Não sou feliz em um país, estado ou município, a onde eu esteja em que os políticos se glorificam em dar esmolas ao povo. Como posso ser feliz, em um lugar a aonde os políticos vão para um horário eleitoral contar mentiras, ou para fazer zombarias, nos graduando ainda mais na condição de palhaços, (no sentido pejorativo da palavra.) E nós continuamos votando neles, e o pior, como gado indo para o matadouro, em romaria, carreata, passeatas, portando o retrato dos nossos algozes, ou gritando seus nomes.
Vou embora pra Pasárgada. Lá existe segurança pública, podemos caminhar tranqüilamente pelas ruas, crianças, adultos e até mesmo os mais velhos. Lá não existem roubos ou furtos e podemos dormir com portas e janelas abertas. Lá não existem muros, nem físicos nem sentimentais, lá são quase todos iguais. Lá os jovens não são exterminados pelo comércio da droga, lá não se matam uma dezena de pessoas todos os dias. Lá há respeito à vida. Lá temos uma polícia digna e honrada, onde todos se orgulham dela.
Vou embora pra Pasárgada. Lá o serviço público de saúde funciona e muito bem. Lá não existem planos de saúde e a medicina é um sacerdócio. Lá os médicos são pessoas comuns e vivem procurando fazer o bem sem olhar a quem, sem se preocupar com status social.
Vou embora pra Pasárgada. Lá os religiosos não pedem ajuda financeira, não há pedofilia nem mega programas de televisão pedindo dinheiro ao povo. Lá políticos e religiosos funcionam como uma comunidade única, visando o bem social de todos. Lá religião não é comércio, é fé.
Vou embora pra Pasárgada. Lá os funcionários públicos ganham bem. Lá os professores são amados e respeitados e dedicam-se ao trabalho com sabedoria e amor. Lá não tem escolas particulares, pois o ensino publico é de primeira qualidade, é dever do estado. Os professores ganham salários dignos, não existindo diferença entre as diversas classes de funcionários.
Vou embora pra Pasárgada, Lá a justiça não vive em um pedestal, com salários bem ou muito acima das outras classes de funcionários públicos, pois os salários são quase nivelados, ela desce e vai até o povo, e o povo tem acesso agilizado quando dela precisar. Mas, quase ninguém precisa. Lá sentença dada e confirmada é eterna, o cidadão consegue ter seus direitos preservados. Lá a própria justiça se preocupa com o bem está da sociedade e um magistrado convive com os mais humildes, fazendo uma justiça sem corrupção, sem interesse de promoção social. Lá não tem corrupto, pois se tiver não fica em liberdade, vai para cadeia. Lá não existe STF – Superior Tribunal da Fuleragem, onde o circo é armado e a plateia chora rindo.
Vou embora pra Pasárgada. Lá funcionário público não rouba. Secretários ou cargos comissionados não enriquecem do dia para noite, sem que o ministério público não procure tomar atitudes. Lá não existe Copa do Mundo, por isso lá, estamos livres de ver patifarias. Lá não existem mensalão e cuecão, ou outro tipo de roubalheira. Os políticos são pessoas honradas, aliás, todas as pessoas que lá vivem são honradas.
Mas Pasárgada parece tão distante, tão utópica, será que estou envelhecendo muito ligeiro e começando a ver moinhos de vento? Talvez, talvez.
Espere aí…, eu posso ir pra pasárgada? Lá tenho a mulher que eu quero? Na cama que escolherei? Acho que não vai dar certo! Oh meu bom Deus, fazei com que minha mulher não leia esta crônica senão estou ferrado.
Guga Coelho Leal – Engenheiro e escritor, membro do IHGRN