ADAUTO CARVALHO

Adauto José de Carvalho Filho

A vida deve andar difícil para os humoristas. O país da piada pronta cresce assustadoramente. Ate os atos oficiais, que deveriam se pautar, pela ponderação, racionalidade, educação e bons costumes, virou zona. Uma reunião de Cúpula do Gabinete de Dilma, com a presença do Ministro da Justiça, Edinho, Mercadante e outros cupichas, parece que chegou ao nível do governo, o chão.

Para não parecer que persigo o governo petista ou estou caluniando alguém, reproduzo reportagem publicada, em manchete, na UOL, 11.07,2015:

Crise faz presidente Dilma Rousseff demonstrar irritação

NATUZA NERY e MARINA DIAS, DE BRASÍLIA (12/07/2015 02h00), publicado na UOL, dia 12.07.2015.

Agitada, andando em círculos e gesticulando muito, a presidente Dilma Rousseff olhou para os auxiliares e bradou, indignada: “Não sou eu quem vai pagar por isso. Quem fez que pague”.

Ela estava furiosa. “Não devo nada para esse cara, sei da minha campanha”, afirmou, referindo-se às suspeitas lançadas pelo empresário Ricardo Pessoa sobre as doações à sua campanha à reeleição.

Batendo com força a palma de uma mão na outra, Dilma insistiu: “Eu não vou pagar pela merda dos outros”. Ela não disse a quem se referia, e ninguém achou que era conveniente perguntar.

A explosão de fúria da presidente ocorreu na noite da última sexta-feira de junho, dia 26, na biblioteca do Palácio da Alvorada, durante uma reunião convocada às pressas por Dilma para discutir as revelações de Ricardo Pessoa.

Dono da empreiteira UTC, ele aceitou colaborar com as investigações da Operação Lava Jato em troca de uma pena menor. O empresário diz que pagou propina e fez doações eleitorais para facilitar seus negócios com a Petrobras.

Pessoa deu R$ 7,5 milhões para a campanha de Dilma no ano passado. Foi tudo declarado à Justiça Eleitoral, mas ele disse que só fez a contribuição porque tinha medo de perder seus contratos na estatal se não ajudasse o PT.

O empreiteiro afirmou que tratou da doação com o então tesoureiro da campanha de Dilma, o petista Edinho Silva, hoje ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social do Palácio do Planalto.

Pessoa também lançou suspeitas sobre uma doação eleitoral feita em 2010 a outro ministro de Dilma, Aloizio Mercadante, chefe da Casa Civil, que naquele ano concorreu pelo PT ao governo do Estado de São Paulo.

Edinho confirma que se encontrou com Pessoa para tratar de doações na campanha, mas nega ter feito qualquer ameaça ao empreiteiro. Mercadante diz que todas as doações que recebeu de Pessoa foram declaradas à Justiça. vou cair”.

O cacete comeu e sobrou porrada para todo mundo até para o ministro Teoria Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, que não estava presente. A presidente, que tem fama de bofes ruins, não tomou a dose de “eplocler” antes da reunião e perdeu as estribeiras. Que ela perca o eixo, tudo bem, mas tratar o Ministro da Justiça sem a menor civilidade, cobrar-lhe tráfico de influência junto a um Ministro do STF, a coisa muda de figura e carividencia as relações dos poderes nacionais e o quanto a Constituição Federal não é considerada nem em atos oficiais e defendida pelo Ministro da Justiça.

O homem que deveria prestar serviços a liberdade de expressão, como Ministro da Justiça, levou esporro da chefe, como um menino de recado, por ter deixada vazar a delação premiada de Ricardo Pessoa da UTC e trouxe o escândalo do petróleo ao meio-fio da calçada do planalto. O curioso é que ela cobrou do Ministro menino satisfações por não ter pressionado o Ministro do STF, que pode está no fato sem saber, sobre a divulgação.

Estou pasmo,

Qual o papel constitucional de um Ministro da Justiça? Qual o papel constitucional de um Ministro do STF? Por que a Madame achou que o vazamento melou sua visita de fachada ao Estados unidos da América?

Como pode um Presidente, seja lá quem seja, tratar autoridades da República com desdém e destilar o veneno da bruxa da história de Branca de Neve e ninguém pode ter mais poder do que ela. Na verdade, uma verdade se torna clara; as relações entre os poderes da República, na linguagem que a Presidenta usou, virou suruba.

Para os participantes, bem feito para aprenderem a usar a autoridade que o cargo lhes impõe, para Cardozo, com um mínimo de orgulho próprio, pediria o penico e para a Presidente, se aconteceu o que a reportagem narra, demonstrou de forma clara que crimes são praticados como favores políticos e corporativos.

Será que a sociedade brasileira não tem o direito de uma semana sem achaques e condutas desmoralizantes das pessoas e autoridades que deveriam ser exemplo? O cidadão Renato Mendes Prestes, de águas Claras-MG, citado na coluna Leitor da revista Veja, edição 2.434, 15.07.15, com uma simples citação colocou tais autoridades ou falsas autoridades em seus devidos lugares: “todos os que se locupletam do dinheiro público são participantes do submundo do crime. Portanto, cadeia neles. Esse é o anseio da sociedade.

Todos.

O cidadão não excluiu ninguém. E se a Presidente e seus assessores despersonalizados, em vez de permanecerem “em cólicas”, simplesmente provem de forma contundente a inocência ou a culpa de cada um. Agora utilizar o poder para pressionar outras autoridades para benefício próprio, e ter um piriri por causa disso, é a desmoralização total de um governo e a destituição da sociedade como detentora do poder constitucional. E isso não é novidade. Sênica, 45 DC, deixou a lição de “comandar não significa dominar, mas cumprir o dever”.

Republicanos de meia pataca a sociedade espera, chorosamente, que cada um cumpra com o seu dever. Eu tento não pressionar ninguém. As pessoas devem ser livres para decidirem a história.

Adauto José de Carvalho Filho, AFRFB aposentado, Pedagogo, Contador, Bacharel em Direito, escritor e Poeta.

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