ZONA DE CONFORTO? –
“ Saia da sua zona de conforto!”.
Quantas vezes escutamos ou dizemos isso a nós mesmos?
Ora, sair da zona de conforto e ARRISCAR, quando se tem para onde ir e para onde voltar, é fácil. Difícil é quando sua “zona de conforto”, apenas, lhe permite viver financeiramente, que dirá, em tempo de pandemia.
Daí você suporta. Você tolera, porque é preciso; mas não é confortável.
A verdade é que todo mundo, independente da zona de conforto onde flutua, prefere mesmo uma boa margem de segurança afetiva, econômica, profissional, social, e política.
Sabe aquela sensação de firmeza, quando sua viagem termina e o avião toca o solo e corre sobre a pista?
Pois bem… Ainda que voar e sonhar seja bom – e igualmente necessário – ninguém fica à vontade, quando seu voo (ou sua vida) passa por áreas de turbulência.
Manter o cinto de segurança afivelado e rezar para passar? Esperar para viver?
Confúcio, filósofo chinês que nasceu antes de Cristo, não deixou nenhuma obra escrita, mas seus discípulos coletaram pequenos provérbios, que sempre mereceram destaque pela natureza cotidiana que invocam. Ele disse: “Todos temos duas vidas. A segunda começa quando percebemos que só temos uma”.
Esse é, então, o destino da nossa discussão e deveria ser o ponto final do seu dilema. Porque, se você não se inclui no grupo que pode fazer as malas e embarcar no primeiro voo, tampouco na primeira classe, comece a RESSIGNIFICAR sua trajetória.
Para isso, você não tem que abandonar o que lhe faz se sentir confortável. Jamais! Você deve, na verdade, fugir de tudo aquilo que lhe prende ao desconfortável, ao incômodo, ao seu estado permanente de infelicidade. Não me refiro as tristezas momentâneas. Isso, todos nós, temos.
Eu falo em pequenas mudanças de rotas. Pequenas mudanças de hábitos.
Não é necessário eliminar TODO o doce da sua dieta, praticar atividade física TODOS os dias; responder TODOS os e-mails da sua caixa de entrada a cada hora, muito menos assistir a TODAS as séries do globo play ou postar TODA sua vida em TODAS as redes sociais.
Transforme-se aos poucos.
Respeite seu tempo.
Só não vale parar na sua zona de desconforto.
Ou, por acaso, você se sente confortável sabendo que seu sedentarismo vai lhe matar? Que sua novela das nove vai lhe tirar o tempo de convívio feliz com seus filhos? Que brigar para manter a sala sempre arrumada vai lhe dar uma casa linda para as visitas, mas não para quem mora nela? Que o trabalho em excesso (falo em excesso mesmo) vai lhe pagar o jantar no restaurante mais caro da cidade, embora saibamos, você e eu, que o melhor da noite acontece quando se chega em casa…
Tem que ter ousadia e vontade, apenas, para romper sua zona de desconforto? Ou precisa de uma rede larga ou de um bom travesseiro “fofo” para lhe lembrar de como é prazeroso sentir-se verdadeiramente confortável?
Porque, é óbvio: não é preciso conhecer o confucionismo para reconhecer aquilo que lhe deixa verdadeiramente BEM consigo mesmo. Não é?
Estava em voo e termino de escrever esse texto com o avião já no solo, em terra firme, desejando que você, também tenha viagens com aterrisagens seguras.
É possível que seus voos atrasem, que a vida lhe exija algumas ou diversas conexões, mas que você persista em viver, de VERDADE, a única vida que possui (não aquela que idealiza), com o conforto que Deus nos dá.
Tatiana Benévolo – advogada, tatianabenevolo10@gmail.com
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